Solenidade da Assunção: Arcebispo de Évora destaca devoção a Maria que acompanha Portugal desde a fundação

D. Francisco Senra Coelho olha para marca mariana que que caracteriza o país

Lisboa, 15 ago 2025 (Ecclesia) – O arcebispo de Évora lembrou que a devoção a Maria está ligada à história nacional desde a sua génese, no âmbito da solenidade litúrgica da Assunção de Maria, que se celebra hoje.

“Nós olhamos para a nossa história e vemos um conjunto de marcos que fazem como que peugadas de uma estrada histórica que acontece com Maria”, afirmou D. Francisco Senra Coelho, no Programa ECCLESIA, transmitido hoje RTP2.

O arcebispo de Évora recorda que “a primeira experiência foi a ânsia de liberdade que vivia, face a Castela”, e o primeiro rei, “nas Cortes de Lamego, proclamou Nossa Senhora como aquela que deveria ser a padroeira de Portugal”.

“E vai acontecer em Guimarães a grande devoção de Nossa Senhora de Oliveira com uma promessa, se fôssemos nação independente, ela seria a nossa padroeira. E como forma de troféu surge Alcobaça”, explica.

D. Francisco Senra Coelho evoca Alcobaça como a “primeira grande escola”, a “raiz” da Universidade Portuguesa e “um centro irradiador dos cistercienses que canta esta primeira consagração de Portugal à Senhora de Oliveira”.

Depois da crise dinástica de 1383-1385, o arcebispo de Évora refere que D. João I renova a consagração de D. Afonos Henriques para que Portugal consiga a independência.

“E vai fazer como agradecimento, porque conseguimos vencer Aljubarrota e as outras batalhas da independência, a grande memória de gratidão que é o mosteiro da batalha e traz para Portugal os mendicantes através dos dominicanos”, refere.

D. Francisco Senra Coelho salienta que “D. João IV consagra Portugal à Senhora da Conceição”, venerada em Vila Viçosa, “com a coroação da imagem”, “deixando os reis de Portugal de usar coroa”.

Este ano, observa o arcebispo de Évora, a solenidade litúrgica da Assunção de Maria é celebrada num contexto jubilar, com a Igreja Católica a viver o Ano Santo 2025.

Em Évora, D. Francisco Senra Coelho salienta a devoção que existe em torno da Senhora da Assunção, a quem é dedicada a catedral, com “uma extraordinária beleza”.

“Tem o retábulo com uma pintura com a Senhora da Assunção. E temos, por aquela diocese, várias celebrações, uma das quais apanha a zona do Ribatejo”, menciona.

O arcebispo de Évora dá o exemplo de Coruche, cuja festa é dedicada a esta figura, à qual acorre uma imensa multidão “que não se afasta muito das 20 mil pessoas, ou, por vezes, ultrapassa as 20 mil pessoas”.

“E várias comunidades têm esta festa. Sempre que ouvimos a designação Santa Maria Maior, significa exatamente a festa que vem do primeiro milénio do Cristianismo. São normalmente festas muito antigas, que cantam a Assunção de Maria”, realça.

O responsável católico sublinha que hoje as comunidade continuam a congregar-se em torno da figura de Maria e fala de Fátima, “uma proclamação de paz que engloba os portugueses”, através de três crianças.

“Nós observamos, com impressionante admiração, as peregrinações a pé a Fátima. O Alentejo não tinha uma tradição significativa. Podemos referir que há coisa de 40 anos viriam 100 pessoas da Arquidiocese de Évora a pé a Fátima”, começa por dizer.

No entanto, hoje são “mais de mil pessoas” que se deslocam até ao santuário mariano, “em grupos organizados, com inscrições prévias, a tempo e horas para ter lugar, com orientação espiritual, de diáconos permanentes, de religiosas, de padres, que acompanham os grupos a pé”, verifica.

Segundo D. Francisco Senra Coelho, “as pessoas trazem a vida” e “na vida das pessoas não vêm só os pequenos problemas do seu quotidiano”, mas “também a apreensão que as questões geoestratégicas colocam”.

“Dizia-me alguém, há poucos dias, ‘arcebispo, o que é que pode ser pior do que estamos a viver?’ E apontou-me três ou quatro aspetos. ‘O que é que pode ser pior?’ Então, se nós não conseguirmos inverter a marcha destes acontecimentos, o pior é mesmo um abismo”, afirmou.

A Igreja Católica celebra esta sexta-feira a solenidade litúrgica da Assunção de Maria, um dogma definido pelo Papa Pio XII em 1 de novembro de 1950 e celebrado há vários séculos, numa data que é feriado em Portugal, a 15 de agosto.

HM/LJ/PR

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