D. Jorge Ortiga apresentou Carta Pastoral onde critica dirigentes e comunicação social e pede caridade e compromisso dos cristãos neste meio
Braga, 19 jul 2018 (Ecclesia) – O arcebispo de Braga apresentou hoje uma carta pastoral sobre o desporto onde indicou a sua prática como contributo para a “coesão social” e a “solidariedade” e criticou as “verdades parciais” dos debates inflamados em busca de audiências.
“O desporto é importante para a alegria, para igualdade, para a coesão social, para a solidariedade. Não deve ser puramente competição; se assim for poderia degenerar”, afirmou D. Jorge Ortiga durante a conferência de imprensa de apresentação da carta pastoral «Desporto: Escola e Missão de Humanidade».
O arcebispo de Braga reconheceu o “poder alargado” que a comunicação social tem hoje e afirmou que este espaço não deve ser orientado pelas audiências.
“A comunicação social, com o seu poder alargado, não deve orientar-se pela lógica das audiências descendo a níveis inflamatórios. Pensar o desporto, e não apenas discuti-lo, pode ser um caminho que favoreça um registo mais saudável e digno em muitas notícias e programas desportivos”.
O desporto, indicou D. Jorge Ortiga, precisa de “profetas” que lhe “confiram dignidade”, de forma a torna-lo “verdadeiramente humano e aberto a valores intemporais”.
“Sinto-me no dever de falar sobre tudo o que envolve o ser humano”, explicou, contextualizando a necessidade que sentiu em escrever o documento: Braga é, este ano, capital europeia do desporto e o contexto do Campeonato Mundial de Futebol, que terminou no dia 15, foram razões que conduziram o arcebispo de Braga.
“No desporto, enquanto escola, aprende-se muta coisa. Deveríamos aprender a ser homens e mulheres. Mas quem está no desporto deveria assumir como missão, ou responsabilidade, lutar e propor um humanismo genuíno”.
Afirmou D. Jorge Ortiga que o cristão que está no desporto deve ter uma atitude diferente.
“Enquanto Igreja queremos ser presença ativa em prol de um mundo melhor, mais justo, mais pacífico e humano. Gostaria de ver a mesma atitude na política, na sociedade, na arte e também no desporto”, enfatizou o arcebispo de Braga.
A caridade, “marca central do Cristianismo”, deve manifestar-se como forma de partilha, indica o arcebispo.
“O futebol é o negócio mais rentável e não pode deixar de ter uma dimensão caritativa. Porque não destinar uma percentagem do lucro desportivo a causas sociais? Ou destinar o material desportivo excedente que deixou de ser usado a zonas onde a pobreza impede tantas crianças de vivenciar a alegria do desporto?”
D. Jorge Ortiga focou o desporto como “um direito e um dever” do ser humano e salientou a competição saudável, “testemunhada, por exemplo pelos Jogos Olímpicos”, que deve ser enfatizada, ao contrário da que acontece “e anda mais pelos jornais”.
Durante a apresentação o arcebispo de Braga abordou ainda o exemplo que os dirigentes desportivos devem assumir na “formação” e na “promoção do bem”.
“Os dirigentes exercem um papel de enorme influência pública. Servir o desporto e não servir-se do desporto deverá ser a primeira regra para um dirigente que gosta de um jogo limpo sem corrupção, sem materialização dos jogadores e sem promoção das hostilidades”.
LS