Sociedade: «Turismo sustentável» merece cada vez mais atenção de visitantes e instituições

Presidente da Agência Regional de Promoção Turística Centro de Portugal sublinha importância da dimensão religiosa para o setor

Foto: International Workshop on Religious Tourism – IWRT

Fátima, 23 fev 2024 (Ecclesia) – O presidente da Agência Regional de Promoção Turística Centro de Portugal considera que Europa e o mundo estão despertos “para este novo segmento” do turismo religioso e sustentável.

“O Congresso do Turismo Religioso e Sustentável trouxe países latino-americanos também para a edição de 2024 em Portugal, o que quer dizer que a Europa e o mundo despertam para este novo segmento, que é um segmento pesa embora específico, mas com grande abrangência do ponto de vista turístico global”, disse à Agência ECCLESIA Pedro Machado.

Este segmento turístico tem uma “vocação internacional” e Portugal já está presente “em 25 países com 22 produtos turísticos”, realçou.

O responsável falava nos XI Workshops Internacionais de Turismo Religioso (IWRT), que Fátima acolhe até hoje, com a preocupação de posicionar “cada vez mais Portugal nos mercados consolidados”, mas apostar também nos “mercados emergentes, em particular com o turismo religioso”.

Segundo Pedro Machado, “cada vez mais pessoas” procuram Portugal porque é um “destino seguro, um destino onde a gastronomia, onde o clima, onde aquilo que é no fundo o nosso produto turístico é também cada vez mais competitivo e mais atrativo”.

Para além destas categorias, o responsável realça que quem planeia e promove os produtos turísticos portugueses tem em atenção “a ideia da sustentabilidade, a ideia da descarbonização e a ideia da diminuição da pegada”.

“As novas gerações e os novos segmentos de procura que não querem ser chamados de turistas” para não estarem colados “à dimensão de que o turismo também é massificado, que o turismo também é poluente, que o turismo esgota recursos”.

A sustentabilidade, observa o presidente da Agência Regional de Promoção Turística Centro de Portugal, “já não é apenas o discurso das boas práticas amigas do ambiente, é regenerar, é reposicionar e as novas camadas exigem isso”.

Foto: Agência ECCLESIA/CB

Os XI Workshops Internacionais de Turismo Religioso acolhem este ano, pela primeira vez, o Congresso Internacional de Turismo Religioso (CITRyS), um evento que nasceu na América do Sul, já na sua 20ª edição.

Santiago Cano, coordenador do 20º CITRyS, refere à Agência ECCLESIA a importância de estar em Fátima, “um dos santuários católicos com mais significado”, e nos Worshops, “o evento de turismo religioso mais importante do mundo”.

“Procuramos partilhar experiências de outros destinos, de outros sítios significativos, porque nesse conhecimento, nesse intercâmbio, pode passar também alguma alternativa de melhoria para o futuro, para outro lugar, para outro destino”, aponta.

Foto: International Workshop on Religious Tourism – IWRT

O XX Congresso Internacional de Turismo Religioso e Sustentável convidou os alunos da Escola de Hotelaria de Fátima para participarem no concurso ‘Proyecto Joven 2024’, onde partilharam ideias, projetos, que foram distinguidas.

“Ficámos muito contentes, tanto eu como a minha colega, não estávamos à espera porque nós ao fazermos divertimos bastante, tanto a conhecer a senhora como nas gravações, foi muito interessante, então ficámos orgulhosas por uma coisa que a gente fez com gosto ter corrido tão bem”, disse Sara Guerra, em declarações à Agência ECCLESIA.

Os estudantes da Escola de Hotelaria de Fátima desenvolveram vídeos e conteúdos sobre os novos caminhos a convite do XX Congresso Internacional de Turismo Religioso e Sustentável (CITRyS) – a primeira edição que se realizou em Portugal, a terceira na Península Ibérica, – em simultâneo com o XI Workshops Internacionais de Turismo Religioso (IWRT) da Associação Empresarial de Ourém-Fátima (ACISO), esta quinta e sexta-feira, dias 22 e 23 de fevereiro, no santuário mariano da Cova da Iria.

A jovem Sara Guerra, aluno de 2º ano de Turismo, com a colega Íris Matos, venceram o primeiro prémio com um vídeo onde mostram como se fazem terços, conversaram com uma senhora que os confeciona manualmente e puderam mesmo ajudar a construir um.

“Foi muito interessante porque era super simpática, contou várias histórias da infância e ensinou-nos e uma oportunidade de experimentar. Nós tivemos alguma dificuldade, mas depois conseguimos e juntámos uma a duas contas, mas ela fez parecer muito fácil”, recordou.

Foto: International Workshop on Religious Tourism – IWRT

Sara Guerra olha de forma “diferente” para o terço, que via em casa da avó, ainda rezou “antes de dormir”, mas era um objeto “um bocadinho para enfeitar”, agora, conheceu “a origem”, sabe “também juntar conta a conta, é completamente diferente, muito interessante”.

As duas alunas a partir do tema/desafia da Escola de Hotelaria de Fátima para o atual ano letivo – ‘transforma-te’ – e do lema do 20.º CITRyS – ‘Traçando novos caminhos’ – associaram à palavra turismo ‘simbolismo’.

“Há vários tipos de turismo, associamos vários símbolos, ou um símbolo a alguma coisa e no caso do turismo religioso achamos que foram os terços. Então decidimos tentar ir à origem, talvez ir buscar uma coisa que foi esquecida para trazer o antigo de volta”, explicou Sara Guerra.

“O turismo tem vindo a evoluir bastante e de diferentes maneiras, por isso é que eu acho bastante interessante e importante o tema que o congresso trouxe, mas também o tema da escola de tentar trazer o antigo de volta e dar-lhe importância: Nós sem o passado não temos futuro e é importante relembrarmos e sabermos porque precisamos dele para crescer e para evoluir a nível de turismo”.

O CITRyS nasceu por iniciativa de Rubén Moyano e da Fundação São José, em Campo Mourão, Brasil, tendo chegado a outros países, ao longo das suas várias edições.

Mouyano, argentino que vive no Brasil, explica à Agência ECCLESIA que a aposta no “turismo religioso e sustentável” ajuda a reforçar os “vínculos familiares”.

“Um turismo com afinidade religiosa, em que se faça reflexão, dinâmicas, momentos de silêncio, momentos para rezar, momentos para cantar, e sustentável que seja economicamente viável, ou seja, que ofereça recursos à região, socialmente justo, que não estrague os costumes das gentes da região, e ambientalmente adequado”, precisou.

O responsável sublinha a importância dos santuários no “itinerário” dos peregrinos e visitantes, convidando as várias instituições a “trabalhar de forma integrada, local e regionalmente”.

CB/LFS/OC

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