Sociedade: Rui Nabeiro deixa legado de «proximidade às pessoas» e «amor ao trabalho»

Devoção a Santa Beatriz da Silva recordada pelo antigo pároco de Campo Maior, padre João Luís Silva

Foto Agência Ecclesia/MC

Montargil, 20 mar 2023 (Ecclesia) – O padre João Luís Silva, que durante dois anos foi pároco em Campo Maior, recordou o legado de Rui Nabeiro patente na “proximidade” às pessoas e no “amor ao trabalho”.

“Ele deixou dois grandes legados: o mundo constrói-se através da proximidade, quando cuidamos do outro, e o amor ao trabalho, que constrói a sociedade, a pessoa e a família”, assinalou o sacerdote que entre 2017 e 2019 acompanhou a comunidade de Campo Maior, na Arquidiocese de Évora.

Rui Nabeiro faleceu este domingo, aos 91 anos, na sequência de problemas respiratórios.

O padre João Luís Silva, atual pároco em Montargil, recorda a primeira visita que fez ao falecido comendador,  “que não conhecia” e que o acolheu “de forma extraordinária”.

“Era uma pessoa muito estimada e foi algo que percebi logo no primeiro encontro: muito atento, afável, sabia o nome dos funcionários, sinal do grande acolhimento e preocupação que mantinha pelos mais desfavorecidos”, refere.

O sacerdote dá conta, ainda, do “grande carinho e devoção” a Santa Beatriz da Silva.

“Mostrou-me uma estampa que tinha na carteira de Santa Beatriz, que já era do seu pai. Tinha um grande carinho por Nossa Senhora, ali veneranda como Nossa Senhora da Conceição, devido à Imaculada, mas tinha muito carinho à mensagem de Fátima”, recorda.

Santa Beatriz da Silva nasceu em Campo Maior, assim como o seu irmão, o Beato Amadeu Silva.

“A alegria que teve quando mandamos fazer uma imagem do beato Amadeu da Silva. Não havia representação e mandou-se fazer uma imagem, para a igreja, e outra para o convento das irmãs. A sua alegria ao ver que na sua terra havia homens e mulheres santos, que a Igreja reconhecia”, lembra o padre padre João Luís Silva.

Em 2018, a paróquia de Campo Maior recebeu uma visita da imagem da Virgem Peregrina, deslocação que se estendeu à fábrica de Rui Nabeiro.

“Foi de um acolhimento extraordinário e a imagem visitou a empresa nos seus diversos setores; 800 funcionários estiveram com a imagem na sua visita. Nunca tinha visto 300 funcionários, na fábrica, que se juntam à volta da imagem peregrina de Nossa Senhora e todos rezámos um mistério do terço”, recorda.

O entrevistado destaca que a fé de Rui Nabeiro passava pela “escuta dos outros”.

“Todos os dias lhe batiam à porta com necessidades ou falta de emprego e ele acolhia toda a gente. Mesmo que não conseguisse solucionar imediatamente o problema, não se esquecia e quando podia, estava presente. A sua fé passava por gestos concretos por estar junto das pessoas”, destaca.

A proximidade a toda a comunidade de Campo maior era ainda visível nas horas mais tristes, indica o padre João Luís: “Quando falecia alguém de Campo Maior, participava sempre no velório. Era uma forma de acompanhar a pessoa da terra e acompanhar a comunidade num momento de dor”.

As cerimónias fúnebres decorrem na Igreja Matriz de Campo Maior esta segunda-feira, a partir das 12h00; será celebrada a Missa de corpo presente esta terça-feira, também às 12h00, sendo sepultado depois no Cemitério Municipal de Campo Maior.

LS

 

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Agência ECCLESIA

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