Sociedade: Responsável da Santa Sé alerta para conceção «jovem e saudável» da vida, que descarta a «fragilidade»

«O que não corresponde a um certo bem-estar e uma certa conceção de saúde é expulso» – D. Vincenzo Paglia

Cidade do Vaticano, 16 ago 2021 (Ecclesia) – O presidente da Academia Pontifícia para a Vida afirmou que se está a incutir “uma conceção vitalista da vida, jovem e saudável” e o que não corresponde a “um certo bem-estar e uma certa conceção de saúde é expulso”.

“Há a tentação de uma nova forma de eugenética: Quem não nasce saudável não deve nascer. Com isto, há uma nova conceção de saúde pela qual aqueles que nascem e não são saudáveis devem morrer. Isto é eutanásia. Esta é uma insinuação perigosa que envenena a cultura”, disse D. Vincenzo Paglia ao portal ‘Vatican News’.

O presidente da Academia Pontifícia para a Vida da Santa Sé afirma que “é indispensável” para a Igreja lembrar que “a fragilidade, a fraqueza”, é uma parte constitutiva da natureza humana e de toda a criação, o que exige uma “nova relação de fraternidade entre todos”.

“A fraqueza exige a urgência da fraternidade porque é na fraternidade que nos preocupamos uns com os outros. É em fraternidade que nos apoiamos uns aos outros. É em fraternidade que podemos delinear um futuro mais humano para todos”, acrescentou o arcebispo italiano, recordando a encíclica ‘Fratelli Tutti’ do Papa Francisco.

“A minha preocupação é realmente profunda porque uma conceção vitalista da vida, uma conceção jovem e saudável está se incutindo gradualmente na sensibilidade da maioria, com base na qual tudo o que não corresponde a um certo bem-estar e a uma certa conceção de saúde é expulso”.

No contexto da pandemia Covid-19, D. Vincenzo Paglia lembra que a Academia Pontifícia para a Vida, nos últimos meses, convidou a refletir sobre aquelas pessoas que “foram descartadas e esquecidas”.

“Pessoas que pagaram amargamente pela pandemia: Idosos, deficientes e crianças. Há uma necessidade urgente de recomeçar a partir dos mais fracos, dos mais frágeis, poderíamos dizer, das periferias da vida, a fim de construir um mundo que seja verdadeiramente humano para todos. Ninguém deve ser deixado para trás”, desenvolveu.

O Papa Francisco nomeou D. Vincenzo Paglia presidente da Academia Pontifícia para a Vida e grande chanceler do Instituto Pontifício João Paulo II para Estudos sobre o matrimónio e família há cinco anos, a 15 de agosto de 2016.

Papa Francisco e D. Vincenzo Paglia, presidente da APV

“Abordamos a questão da família neste momento de crise. A família provou ser um dos pontos estratégicos para a sobrevivência nesta dramática situação que a pandemia criou em todo o mundo”, acrescentou o arcebispo italiano, sobre a “explosão de reflexão” relacionada com a pandemia e a família.

D. Vincenzo Paglia assinala também que foi criada uma Fundação sobre inteligência artificial para “tratar de toda a questão das novas tecnologias”, que é um ponto crucial porque as novas tecnologias dão ao tema da vida a “urgência de uma nova fronteira que deve ser atravessada”.

“Não é apenas em relação à tecnologia. Foi criado um grupo de reflexão de teólogos, que nas últimas semanas lançou um apelo a teólogos e cientistas para enfrentarem as emergências deste tempo. Uma época em que a tecnologia corre o risco de ser a nova religião do futuro”, explicou ao ‘Vatican News’.

O presidente da Academia Pontifícia para a Vida da Santa Sé salienta que este organismo acredita que “é necessário” que teologia e ciência procurem “uma nova aliança, um novo diálogo e um novo encontro”.

CB

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Agência ECCLESIA

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