Sociedade: Religiosa fala da missão da Comissão de Apoio à Vítima de Tráfico de Pessoas

A irmã teresiana Júlia Barroso apresenta uma organização em crescimento

Lisboa, 02 jan 2015 (Ecclesia) – A presidente da Comissão de Apoio à Vítima de Tráfico de Pessoas, um dos temas para o qual o Papa Francisco alertou no Dia Mundial da Paz, explicou como surgiu esta comissão, o contexto e quais os objetivos.

“A nossa missão é sobretudo sensibilizar, formar, prevenir e contactar com a realidade porque se não ficamos na teoria”, explica a irmã Júlia Barroso sobre a comissão que conta com mais 11 religiosas.

A freira teresiana revela que a comissão “está a crescer” e têm como “desafio a partilha” de experiências, de realidades e de “criar” uma filosofia comum, uma inquietação.

“Sobretudo de criar consciência crítica na sociedade, na Igreja e nas congregações religiosas”, acrescentou sobre a Comissão de Apoio à Vítima de Tráfico de Pessoa que chegou a Portugal em 2006.

À Agência ECCLESIA, a presidente explicou que a comissão vai crescer com a entrada de duas religiosas à procura de “espaços ecológicos ou espaços onde se toca a realidade”.

“Vivemos numa Igreja, e muitas vezes numa vida consagrada, muito dentro da obra, da sacristia, numa dimensão pouco aberta, a deixar-se tocar pelo terreno. E, as pessoas necessitam de tocar a realidade e querem entrar nestas comissões”, assinala a irmã Júlia Barroso dando o exemplo da comissão à qual preside e da Comissão Justiça e Paz da Vida Consagrada.

Ainda neste contexto, a responsável frisa o “receio” das congregações de sair “do de sempre” e do “novo” louvando quem trabalha mas sem dar o passo em frente.

“No tema tráfico humano, exploração sexual, ainda há muito ‘não é comigo’, ‘não é para nós’”, comentou a religiosa teresiana.

Uma comissão que ainda é feminina mas que tem vontade de acolher membros masculinos para desenvolverem “um papel muito importante” junto dos clientes das vítimas de tráfico e exploração sexual, “um assunto muito sério” devido à conotação de género deste tema.

“A exploração tem muito a ver com o homem, com os rapazes, com a educação e com a formação. Um grande desafio seria a educação na igualdade e género porque este machismo que ainda existe na sociedade começa desde pequeninos, da família”, alerta a irmã Júlia Barroso.

O Papa Francisco, na mensagem para o Dia Mundial da Paz, intitulada ‘Já não escravos, mas irmãos’, destaca o trabalho das congregações religiosas, especialmente femininos, no combate a este flagelo: “Tais institutos atuam em contextos difíceis, por vezes dominados pela violência, procurando quebrar as cadeias invisíveis que mantêm as vítimas presas aos seus traficantes e exploradores”, escreveu.

No programa ECCLESIA, transmitido hoje a partir das 22h45 na Antena 1 da rádio pública portuguesa, a presidente da Comissão de Apoio à Vítima de Tráfico de Pessoas explica ainda que este trabalho surge do apelo de 600 superioras maiores de congregações religiosas, em Roma, a toda a vida consagrada para estarem atentas ao “grito de tantas mulheres”.

HM/SN/CB

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