Sociedade: Reitora da UCP destaca oportunidade de aproximar jovens da Igreja, através de temas que lhes interessam e são «valores cristãos»

Isabel Capeloa Gil interveio na série «Igreja e Sociedade», transmitida na RTP-Açores

Angra do Heroísmo, Açores, 16 mai 2022 (Ecclesia) – A reitora da Universidade Católica Portuguesa (UCP) disse que temas como “a fraternidade social, o acolhimento dos migrantes” e o acolhimento dos outros são “caros aos jovens” e têm “potencial” para eles aproximarem-se da mensagem cristã.

“Os grandes valores daquilo que partilhamos como seja o direito à igualdade, à dignidade, em que a ciência esteja ao serviço da defesa do planeta, são valores profundamente cristãos”, explicou Isabel Capeloa Gil, na série ‘Igreja e Sociedade’, transmitida na RTP Açores.

Segundo a reitora da UCP, informa o portal ‘Igreja Açores’, há uma “clara alteração dos valores de referência das sociedades” e precisam mostrar aos jovens que “as grandes agendas” a que eles são particularmente sensíveis “não estão avessas àqueles que são os princípios do Cristianismo, da Doutrina Social da Igreja”.

‘Jovens hoje, que futuro’, centrando-se na relação dos jovens com a fé, foi o tema do segundo episódio da série televisiva que é fruto de uma parceria entre o Instituto Católico de Cultura da Diocese de Angra e a RTP Açores, com o apoio do Santuário do Senhor Santo Cristo e do Serviço Diocesano da Pastoral da Cultura.

“Já não estamos numa Igreja de massas, nem uma Igreja de geração espontânea, em que se pertencia por tradição. Quem hoje está na Igreja e diz-se católico, está por escolha, compromisso, fidelidade, e projeto”, explicou o diretor do setor da pastoral juvenil na Diocese de Angra.

O padre Norberto Brum observou que há muita religiosidade que “pode ser de um enorme potencial evangelizador”, afirmando que os jovens “não estão afastados de Jesus”, mas dos ritos, porque “tudo o que é institucional, balizado, orientado liturgicamente com rito”, o que é uma repetição, “e depois o compromisso, cada vez cativa menos”.

“Há uma falta de sentido de pertença e da comunidade que a pandemia veio agravar e estamos a ter dificuldade em ‘cativar’”, adiantou, salientando que precisam de ser “uma Igreja em saída” e ter a preocupação de “encher os jovens de Igreja, levar Jesus e a alegria do seu evangelho a todos”, e não encher a Igreja de jovens.

O jovem açoriano André Patrão Neves acentuou que já não se é cristão “por herança”, mas porque acreditam e testemunham e “hoje até é mais difícil ser-se católico e afirmar-se” por causa dos “estigmas, mitos associados”.

“Hoje até é um gesto de coragem”, afirmou o investigador na Universidade de Yale, explicando que o compromisso “é uma dificuldade de um Ethos contemporâneo”, mas a Igreja tem a “capacidade de resistir a um dos pontos fracos”, com o “reforço do compromisso da decisão informada”.

Bento Aguiar, coordenador dos professores de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC), assinalou que a disciplina “é uma forma de orientar na fé”, e afirmou que a crise de fé dos jovens “não é da sua exclusiva responsabilidade”.

“São herdeiros de um certo secularismo, ou de uma permissividade que se deixou os jovens à deriva”, acrescentou, referindo que  é precisam “abandonar as receitas fáceis das redes sociais ou dos influencers”, informa o sítio online ‘Igreja Açores’.

Esta quinta-feira, o programa ‘Igreja e Sociedade’ vai refletir sobre ‘Quem são os pobres hoje’, pelas 21h15 locais (mais uma hora em Portugal continental).

CB

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