Sociedade portuguesa é capaz de superar a crise, diz Bispo do Porto

D. Manuel Clemente, Bispo do Porto, acredita na capacidade da sociedade portuguesa para superar a crise e no papel fundamental desempenhado pelas comunidades cristãs. “Há na nossa sociedade portuguesa, em geral, e do Porto, em particular, mais que capacidade para responder a esta e outras crises”, salientou D. Manuel Clemente, bispo do Porto, em entrevista à agência Lusa. Em tempo de crise as paróquias, misericórdias e comunidades cristãs “são constantemente procuradas para resolver os problemas de pessoas com maiores dificuldades”, garantiu o prelado. Por esse motivo, D. Manuel Clemente considera “impensável” que não haja na sociedade uma “presença contínua e constante” das comunidades cristãs que têm mesmo de ser “reforçadas porque as actuais circunstâncias assim o exigem”. Como bispo do Porto, assistiu nos últimos dois anos a “uma reflexão acerca do enorme desafio social e cultural que se põe à religião”, bem como sobre o “tecido mais complexo e fluido” que é a sociedade actual e ainda sobre a redefinição das comunidades. Essa reflexão, anunciou, irá culminar em 2010 com uma “grande missão diocesana” a qual passará por “propor a experiência comunitária de Cristo a quem ou já esqueceu, ou não sabe ou simplesmente está só e ninguém contacta”. O objectivo é que todas as comunidades cristãs da diocese do Porto, incluindo as 477 paróquias, partilhem a sua experiência com os outros e consigam “ir um pouco mais além na transmissão da mensagem cristã”, recorrendo às novas realidades tecnológicas ou mesmo às “realidades da cultura do povo” como “as janeiras e os compassos”. Sobre a diocese do Porto, o bispo da cidade considera tratar-se de “uma realidade muito vasta e muito densa” para abarcar em apenas dois anos e cujas “potencialidades humanas são imensas”. Ainda assim, admite que os problemas são diversos, nomeadamente os “de aspecto católico e religioso”. “Temos um clero de faixa etária alta – 60 anos ou mais – e directamente adstritos à diocese são 350 quando há quase 500 paróquias”, lamentou. Também no feminino, disse D. Manuel Clemente, há dificuldades em encontrar quem procure a vida religiosa, existindo “muitas casas e lares ligados a religiosas”. “Elas são poucas”, acrescentou. De acordo com D. Manuel Clemente, o catolicismo tem assistido a um aumento de praticantes “em toda a parte menos na Europa”. “Na Europa o que se tem verificado é que a religião não passa pela fixação numa comunidade mas por um percurso íntimo, individual que a pessoa escolhe e vai reequacionando”, contou. Essa “privatização da religião” impõe grandes desafios ao catolicismo que “insiste muito na presença comunitária”. “Não que as pessoas sejam menos religiosas, estão menos definidas comunitariamente”, sustentou. Notícias relacionadas • Intervenções do Bispo do Porto passam a livro

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