Sociedade: Patriarca de Lisboa mostra-se confiante em acordo para evitar greve geral

D. Rui Valério acredita que vai ser possível chegar a um «entendimento» quanto à revisão do Código de Trabalho e assumiu preocupação com falha nas negociações de paz para a Ucrânia

Foto: Agência ECCLESIA/LJ

Lisboa, 06 dez 2025 (Ecclesia) – O patriarca de Lisboa, D. Rui Valério, mostrou hoje confiança num acordo entre sindicatos e Governo para evitar a greve geral agendada para a próxima quinta-feira.

“Eu posso aqui augurar que haja verdadeiramente um caminho de compreensão e de entendimento e de perceção, no sentido de compreender verdadeiramente o que cada uma das partes deseja para que, efetivamente, se chegue a um entendimento, a um bom porto”, afirmou o responsável católico, em declarações aos jornalistas.

À margem da celebração litúrgica que decorreu esta tarde, na igreja de São Paulo, em Lisboa, que marcou a chegada das relíquias de São Charbel a Portugal, monge libanês que é o santo de maior devoção dos libaneses, o patriarca de Lisboa abordou ainda um possível entendimento relativamente à revisão do Código de Trabalho, na origem da paralisação de 11 de dezembro.

Aí eu estou verdadeiramente muito confiante, porque a própria democracia é uma proposta de vida, de desenvolvimento, de progresso, de promoção da dignidade humana que assenta no diálogo, que assenta, lá está, na compreensão”, evidenciou.

O patriarca de Lisboa destacou que Portugal é uma democracia com “50 anos de provas dadas” e, por isso, está “muito, muito, muito crente e confiante” de que vai ser possível chegar a “um entendimento final para depois” o país entrar “no Natal com “espírito celebrativo” e “espírito de paz entre todos”.

Sobre a guerra na Ucrânia, as negociações pela paz que falharam na última semana e a intensificação dos ataques no país, D. Rui Valério assumiu estar “muito” preocupado.

“A paz é um evento que só é possível existir quando há o básico. E o básico é a vontade de querer paz”, indicou, acrescentando que, face aos recuos, receia que não haja, de todas as partes, essa vontade.

“Para que haja paz, é necessário querer a paz. E quando eu vejo exatamente essas quedas, esses tombos, esses retrocessos, eu questiono-me. Mas todos nós queremos verdadeiramente a paz”, reforçou.

Para o patriarca de Lisboa, o que é trágico é haver alguém que é homem, que é ser humano, a querer a guerra e isso “é trágico”: “Para mim é mais um dos sintomas da derrota da própria humanidade. Para não falar já da derrota do próprio Ocidente”.

Questionado sobre qual dos países – Rússia, EUA e Ucrânia – é que não está interessado em alcançar um cessar-fogo, o patriarca reconhece que a “maior dificuldade” está num dos lados, mas preferiu não dizer nomes.

“Se a paz é um projeto que acontece quando todas as vontades estão coordenadas no mesmo fim, vendo eu que há ali muito obstáculo, muita dificuldade, é porque uma das pernas desse tripé provavelmente não a quer de todo”, salientou.

LJ/OC

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