Causa tem merecido apoio do Papa e da diplomacia da Santa Sé
Oslo, 06 out 2017 (Ecclesia) – A Campanha Internacional para a Abolição das Armas Nucleares (ICAN, sigla em inglês) é a vencedora do Nobel da Paz de 2017, uma decisão anunciada hoje pelo Comité Nobel Norueguês.
Os responsáveis sublinham a ação desta coligação internacional para alertar contra as consequências humanas “catastróficas” do uso destes armamentos, num mundo em que o risco de uma guerra nuclear é “real”, dando como exemplo a questão da Coreia do Norte.
No último dia 27 de setembro, o Papa usou a sua conta na rede social ‘twitter’ para fazer um apelo ao abandono das armas nucleares.
Numa altura em que a tensão cresce entre os Estados Unidos da América e a Coreia do Norte, Francisco realçou a importância de “um mundo sem armas nucleares”, que vá ao encontro do “Tratado de não-proliferação para abolir estes instrumentos de morte”.
O tratado para proibir armas nucleares em nível global foi adotado a 7 de julho pela Organização das Nações Unidas, apesar da oposição de várias potências nucleares.
O Vaticano assinou e, setembro este Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares, considerando necessário pôr de parte um discurso de “ameaças nucleares, medo, superioridade militar, ideologia e unilateralismo”.
“As armas nucleares não podem criar um mundo estável e seguro. A paz e a estabilidade não podem ser fundadas numa garantia de destruição mútua ou na ameaça da aniquilação”, referiu D. Paul Gallagher, secretário do Vaticano para as relações com os Estados, falando em Nova Iorque.
A Santa Sé tem acompanhado com preocupação as “trocas de ameaças entre os dois países”, EUA e Coreia do Norte, “alimentadas pelos presidentes Donald Trump e Kim Jong-un” e que “têm deixado o mundo em alerta”.
A problemática do desarmamento nuclear está na agenda das Nações Unidas desde 1946, na sequência da destruição e morte que dominou a II Guerra Mundial, e que teve como ponto mais negro o bombardeamento das cidades japonesas de Hiroxima e Nagasáqui.
Atualmente mais de 120 países assinam o tratado de não-proliferação deste tipo de armamento, mas de acordo com a ONU, existem ainda cerca de 15 mil armas nucleares em todo o mundo.
A primeira mensagem do Papa Francisco para a celebração do Dia Mundial da Paz, que a Igreja celebra anualmente a 1 de janeiro, defendeu em 2014 a necessidade de um desarmamento “nuclear e químico”, pedindo total respeito pelos Direitos Humanos.
O Nobel da Paz distinguiu em 1979 Madre Teresa de Calcutá e em 1996 o então bispo de Díli, Timor-Leste, D. Carlos Ximenes Belo; é atribuído anualmente em Oslo, capital da Noruega, a 10 de dezembro, data de aniversário da morte do mentor destes prémios, Alfred Nobel.
OC