Associação defende «reflexão» face à importância das matérias em causa
Lisboa, 10 fev 2016 (Ecclesia) – A Associação dos Médicos Católicos Portugueses (AMCP) apelou à “reflexão” na Assembleia da Republica sobre as leis do aborto e da adoção por pessoas do mesmo sexo, após o veto presidencial de Aníbal Cavaco Silva.
“Numa era de profunda crise política, de uma crise de valores éticos e morais, uma reflexão aprofundada, como é proposto, sobre estes assuntos só dignifica o Parlamento”, refere a organização, em comunicado enviado à Agência ECCLESIA.
A AMCP manifesta o seu “apreço” pela decisão do presidente da República Portuguesa, “dada a importância daquilo sobre que se pretende legislar”.
“Tratando-se de legislação sobre aspetos fundamentais da existência humana, a Assembleia da República é convocada para uma reflexão democrática, que exige participação e responsabilidade, sobre princípios éticos fundamentais que devem orientar as ações humanas, respeitando a interligação entre os órgãos de soberania”, referem os médicos católicos.
O presidente da República vetou as duas leis, que regressam hoje ao Parlamento.
A AMCP “insiste” no interesse da reflexão em torno “do respeito pela inviolabilidade da vida humana, protegendo-a de qualquer manipulação ou instrumentalização, quer a nível físico, psicológico ou social”.
“Os médicos congratulam-se com os avanços manifestados na legislação que tinha sido anteriormente aprovada a favor de medidas de proteção da maternidade e da paternidade, sobretudo no que se refere ao apoio prestado a todas as mulheres grávidas e à consagração do direito constitucional de liberdade por parte dos médicos à objeção de consciência”, pode ler-se.
Relativamente à admissibilidade da adoção por casais do mesmo sexo, a AMCP vem reafirmar que “as crianças não podem se usadas e instrumentalizadas ao serviço de interesses individuais”.
“Tal adoção acarreta consequências imprevisíveis para a criança, com graves problemas para a construção da sua identidade psíquica e social”, sustenta a associação.
O comunicado conclui-se com a afirmação da dignidade da pessoa humana como “referência decisiva de legitimação de qualquer exercício de poder, nomeadamente do poder legislativo”.
O presidente da Associação dos Médicos Católicos Portugueses disse à Renascença, por outro lado, que discorda da legalização da eutanásia e defende que, caso se avance nesse sentido, é necessária a realização de um referendo.
“Lamento que se tenha tomado esta iniciativa, mas uma vez que foi tomada, não me passa pela cabeça que numa questão destas não se ouça a opinião dos portugueses. Só o referendo é que poderá ser esclarecedor”, disse Carlos Alberto da Rocha.
OC