Sociedade: Legalizar a prostituição transforma os traficantes em «empresários»

Associação O Ninho, fundada por Inês Fontinha para apoiar mulheres que são prostituídas, está a assinalar 50 anos

Lisboa, 17 nov 2017 (Ecclesia) – A fundadora da Associação O Ninho, que está a celebrar 50 anos de apoio a mulheres que são prostituídas, disse que combater o tráfico humano e legalizar a prostituição “é uma contradição” e transforma os traficantes em “empresários”.

“Ao legalizar a prostituição estão a legalizar-se as mafias organizadas que traficam as mulheres e as meninas”, disse hoje Inês Fontinha à Agência ECCLESIA durante o colóquio que assinalou os 50 anos da Associação O Ninho.

Para a fundadora de O Ninho, a possível legalização da prostituição significaria “dar oportunidades aos traficantes de serem empresários e de traficarem e o tráfico deixar de existir”.

O debate sobre a legalização da prostituição é periodicamente lembrado pela juventude do Partido Socialista, que considera essa via uma forma de “dar dignidade às mulheres e defender os direitos humanos”.

“Isso para mim é muito chocante”, disse Inês Fontinha, acrescentando que revela “uma grande doze de ignorância”.

“Vindo de jovens, terá a ver com o desconhecimento, com a não reflexão”, sublinhou.

Para Inês Fontinha, “a democracia não se compadece com incorreções tão graves à dignidade humana, com uma injustiça profunda em relação às mulheres”.

“A prostituição é a maior violência exercida sobre seres humanos”, disse Inês Fontinha, desafiando as instituições da Igreja Católica a manifestarem o seu compromisso “com a dignidade humana nesta situação concreta das mulheres que são prostituídas”.

A Associação O Ninho assinalou hoje 50 anos de existência com um seminário sobre o tema “Mundos e Mundos”, que decorreu Fórum Lisboa, onde foi homenageada a fundadora, Inês Fontinha.

Ao intervir na sessão de abertura, o cardeal-patriarca de Lisboa, referiu-se à prostituição como um “problema global” que exige também uma resposta global”.

D. Manuel Clemente disse que O Ninho deu uma “resposta consistente” ao problema da prostituição durante os últimos 50 anos e é “uma instituição cheia de futuro”.

Para o cardeal-patriarca de Lisboa, “se acabasse neste mundo o comércio de armas, o tráfico de droga e o tráfico de seres humanos, em grandíssima parte para a prostituição, o mundo daria um salto qualitativo imenso”.

“São redes fortíssimas e com uma influência negativa na sociedade humana muito considerável, demasiadamente considerável”, sublinhou.

O Ninho é uma Instituição Particular de Solidariedade Social católica que tem por objetivo a promoção humana e social de mulheres vítimas da prostituição.

A Associação O Ninho recebeu o Prémio Direitos Humanos em 2003.

PR

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