D. António Moiteiro constata despovoamento da Diocese da Guarda, de onde é natural
Guarda, 31 jul 2012 (Ecclesia) – O novo bispo auxiliar de Braga, D. António Moiteiro, considera que os jovens e a família constituem os principais desafios de Portugal e da Igreja Católica.
“A família é a transmissora da fé e neste âmbito há um caminho muito grande a percorrer na formação dos cônjuges. Se não conseguirmos formar cristãos adultos em família teremos muita dificuldade em transmitir a fé”, afirmou em declarações publicadas hoje no Semanário Agência ECCLESIA.
Depois de frisar que a Igreja deve “inculturar a fé” na juventude, o sacerdote originário da Diocese da Guarda salientou a contribuição das comunidades cristãs para a ordenação de novos padres.
“Em todo o país vai havendo jovens que optam pela vocação sacerdotal quando até são originários de famílias desestruturadas, o que significa que não é apenas a família que transmite a fé mas também os grupos paroquiais e, fundamentalmente, o contacto pessoa a pessoa”, apontou.
Referindo-se à realidade social da Diocese da Guarda, de onde é natural, o sacerdote declarou que “o despovoamento é real”, como atesta pelo facto de há 30 anos haver escolas “em todas as aldeias e povoações”, enquanto que hoje “está tudo fechado”.
“Quando eu nasci, há 56 anos, a minha aldeia tinha mais de 500 pessoas; hoje tem 150”, observou ao apontar a Aldeia de João Pires, no concelho de Penamacor, o mais envelhecido de Portugal, segundo dados de 2011 do portal ‘Pordata’.
D. António Moiteiro, que o Papa Bento XVI nomeou bispo auxiliar de Braga a 8 de junho, recebe a 12 de agosto a ordenação episcopal na Sé da Guarda, numa missa presidida pelo cardeal português D. José Saraiva Martins, antigo responsável pela Congregação para as Causas dos Santos, organismo do Vaticano.
O sacerdote espera que o seu trabalho prioritário na Arquidiocese de Braga seja a visita pastoral às paróquias, ajudando “as comunidades cristãs a crescerem na fé”, na “adesão ao Evangelho” e no “sentido de Igreja”.
D. António Moiteiro entrou no Seminário Menor da Diocese da Guarda, tendo transitado no fim do 9.º ano de escolaridade para o Seminário Maior, onde permaneceu até à ordenação.
Na paróquias rurais de que foi responsável procurou remodelar os equipamentos das paróquias rurais de que foi responsável, dotando-os de salas para a formação de leigos.
Foi diretor espiritual do seminário e desde há seis anos era responsável pelas paróquias da Sé e São Vicente, na cidade da Guarda.
O doutoramento em Teologia Pastoral, obtido em Espanha, levou-o a percorrer a diocese em ações formativas para catequistas e a colaborar na elaboração de catecismos a nível nacional.
O bispo da Guarda, D. Manuel Felício, anunciou em julho que a ordenação episcopal vai ser antecedida por vigílias de oração na diocese, além de iniciativas centradas na “importância decisiva, na vida da Igreja, do Ministério Ordenado e das vocações sacerdotais”.
O prelado lembrou que a última ordenação de um bispo realizada na Sé da Guarda ocorreu há 89 anos, com D. João de Oliveira Matos, cuja vida tem sido objeto de investigação na diocese e no Vaticano, com vista à eventual beatificação e canonização, causa de que D. António Moiteiro é vice-postulador.
O dossier do Semanário Agência ECCLESIA desta terça-feira é dedicado a iniciativas da Igreja Católica durante agosto.
PTE/RJM