Psicóloga explica que reforço e potenciação da «autoestima é das ferramentas mais importantes»
Lisboa, 17 jun 2020 (Ecclesia) – A psicóloga Rute Agulhas afirma que reforçar a autoestima das crianças “é das ferramentas mais importantes”, para os pais, porque o “reforço positivo é fundamental” numa sociedade onde, “muitas vezes”, se está mais atento “aos erros, aos insucessos”.
“O elogio tem de ser assim: Só porque sim. Ou seja, é importante ser um elogio objetivo, concreto e que não se compare a criança com mais ninguém, elogiar no sentido de aumentar a autoestima das crianças, autoconfiança deles sentirem capazes, competentes e no sentido de não desistirem”, disse à Agência ECCLESIA.
A psicóloga e investigadora assinala que na sociedade, “muitas vezes,” as pessoas estão mais atentas ao que a “outra não faz tão bem”, ou aquilo que se considera que “não faz tão bem, aos erros, aos insucessos e aos fracassos” e, “muitas vezes” esquecem-se “de elogiar, de reforçar”.
Quando os pais reforçam e potenciam a autoestima é das ferramentas mais importantes que alguém pode ter para a vida. É ela que nos dá segurança para avançar e arriscar as coisas, para além de que uma boa autoestima é o melhor antidepressivo que existe, o melhor ansiolítico, e que nos ajuda a lidar com situações stressantes de uma forma ajustada”.
Segundo Rute Agulhas, “a questão do reforço positivo é fundamental” e a psicóloga sublinha a importância do que chamam de “reforço social, o elogio”, que não é “dar brinquedos, ou oferecer coisas”, que “também é um reforço mas é menos adequado”, porque a criança acaba por fazer determinada coisa ou tem um determinado comportamento “à espera daquela recompensa”.
Por sua vez, Rosário Farmhouse, presidente da Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens, sobre o reforço positivo na educação incentiva que se façam e digam “coisas tão simples que vão deixar marca”, porque as crianças “são muito atentas a isso” e as marcas positivas “vão ficar para sempre”.
“Que sejamos capazes de dizer às nossas crianças que gostamos delas, não é preciso prendas, não é preciso grandes coisas, o dizer que gostamos delas, o fazer algum gesto que simbolize o gostar delas. Às vezes há coisas tão simples como os adultos fazerem um desenho para as crianças”, exemplificou.
O programa ECCLESIA, na rádio Antena 1, esta semana tem como linha condutora a proteção de crianças e adolescentes, no contexto das Comissões para a Proteção de Menores criadas pelas dioceses portugueses.
Rute Agulhas , que faz parte da equipa criada no Patriarcado de Lisboa, sublinha que no programa que vai ser emitido hoje, a partir das 22h45 na emissora pública, alerta para os “maus-tratos emocionais” que é “o parente pobres sempre nos maus tratos” no sentido em que é menos valorizado porque “não deixa marcas físicas, as pessoas muitas vezes tendem a desvalorizar”.
Neste contexto, a investigadora universitária contextualiza também que quando se fala “em negligência” não é só a criança que não come devidamente, ou não vai à escola, não tem os cuidados de saúde, ou roupa e higiene necessárias mas “também a criança que é ignorada, que não tem colo, que não tem mimo, que não tem atenção”.
“Se pensarmos não só a um nível micro, que é a criança, mas também a um nível macro, naturalmente que os maus tratos, a negligência, os abusos, têm consequências a curto, médio, longo prazo a nível individual, a nível familiar, a nível social, e a nível económico”, salienta Rute Agulhas.
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