Sociedade: Igreja procura resposta para desafios da família em diálogo com a Cultura

Jornada Nacional em Fátima lançou interrogações sobre caminhos para a educação

Fátima, Santarém, 29 mai 2015 (Ecclesia) – O presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais inaugurou hoje em Fátima a 11.ª Jornada Nacional da Pastoral da Cultura sublinhando a importância da família para a sociedade e a Igreja.

“Com razão o Papa Francisco convida, uma e outra vez, à leitura atenta dos comportamentos pessoais, dos traços fundamentais que marcam a sociedade e, dentro dela, da sua célula base: a família”, declarou D. Pio Alves, na abertura do encontro dedicado ao tema ‘Tempo de cultura, tempo de família’.

O bispo auxiliar do Porto assinalou que “a família está aí: na sua capacidade de ser influenciada e de influenciar”, recordando algumas das perguntas que foram transmitidas aos convidados, na preparação do evento organizado pelo Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura.

“Há uma cultura para a família? Há uma cultura da família? Há um tempo cultural na vida de família? Há uma compreensão cultural dos entrecruzados tempos da vida em família?”, elencou.

Guilherme d’Oliveira Martins, antigo ministro da Educação, proferiu a conferência inaugural, afirmando que “o que tem mais valor é o que não tem preço” e apelando ao respeito pelo “triângulo fundamental que é escola, família e comunidade”.

O responsável pelo Centro Nacional de Cultura assinalou que “é mais fácil a indiferença do que a compreensão da diferença”.

“A família, para ser compreendida, tem de o ser a partir da sua realidade concreta, da conflitualidade, dos problemas, das angústias”, assinalou, falando numa “realidade de geometria variável”.

Guilherme d’Oliveira Martins mostrou preocupação com as baixas taxas de natalidade e a “discriminação” das mulheres, neste contexto, um problema que “não se soluciona com declarações ou boas intenções, mas com medidas concretas”.

Os trabalhos prosseguiram com o primeiro painel, do qual esteve ausente a maestrina Joana Carneiro, por impossibilidade de estar presente em Fátima.

Eduardo Paz Barroso, professor de Estética e Ciências da Comunicação, e João Minhoto Marques, professor de Literatura Portuguesa Contemporânea, debateram a relação entre equipamentos, ofertas culturais e tempo livre nas famílias.

“Sabe-se o preço de tudo, mas não se sabe o valor de coisa nenhuma”, lamentou Eduardo Paz Barroso, para quem  há um sentimento de “orfandade cultural”.

Nesse sentido, perguntou o que é acontece a um jovem que regressa ao seu “espaço nuclear” e não pode “construir a narrativa” sobre a experiência de visitar um museu, por exemplo.

Já João Minhoto Marques observou que “as famílias estão demasiado ocupadas no dia a dia”, defendendo a importância de valorizar a dimensão de “educação cultural” e dos “valores”.

SNPC/OC

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