Investigadora em Psicologia Positiva reflete a partir do poema «Às vezes as coisas dentro de nós»
Lisboa, 21 abr 2020 (Ecclesia) – A professora Helena Marujo encontrou no poema ‘Às vezes as coisas dentro de nós’ “uma experiência tão próxima” do que tem vivido com a atual situação de isolamento social que começa no “chamamento ao interior”.
“Tenho falado com muita gente que tem partilhado como experiência de confinamento produzido em si um tempo de reflexão, de reclusão interior, de procura de si mesmo, do que realmente faz falta, do que deixou de fazer falta, o que é descobrimos que deixou de ser importante”, explicou a investigadora em Psicologia Positiva.
Em declarações à Agência ECCLESIA, Helena Marujo acrescenta que implica uma “capacidade de autoanalise, de reconhecimento”, que, muitas vezes, só se consegue “fazer no silêncio, nas paragens”.
“Há uma espécie de iluminação, por isso, a Fiama Hasse Pais Brandão fala de ‘vaga de luz’ mesmo que comece por um pavio e tenha muitas sombras”, acrescentou a entrevista que no programa de rádio ECCLESIA, na Antena 1, até sexta-feira, ajuda a encontrar histórias que podem ser sinais de esperança.
Às vezes as coisas dentro de nós
O que nos chama para dentro de nós mesmos Nós que tivemos a vagarosa alegria repartida
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Para Helena Marujo, o poema tem “os dois lados das moedas” das vidas das pessoas: “Traz por um lado a capacidade de sermos mais piedosos, de acreditarmos mais, de vivermos com mais confiança no futuro, e uns nos outros, e na capacidade de em conjunto entrar em novos universos que deixaram de ser apenas o eu, a minha individualidade”.
Neste contexto, a professora no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, explica que no atual momento da sociedade, que vive a pandemia do coronavírus Covi-19, percebe-se “melhor” os círculos concêntricos que “têm trazido esta piedade”, as esferas da família, das comunidades envolventes, das regiões, do nosso país, do mundo.
No programa Ecclesia, que vai ser emitido esta noite pelas 22h45 na Antena 1, Helena Marujo destaca também do poema que ‘voltar a um zero’ “não é um zero qualquer”, mas um ‘irradiante’, que é uma “imagem muito bonita” de conseguir “ver raios a saírem desta obrigação” que todos vivem “hoje de recomeçar”.
LS/CB