Sociedade: Falar sobre a morte e acompanhar na solidão, os desafios da «Compassio»

Mariana Abranches Pinto, presidente da Associação, aponta necessidade de recriar redes comunitárias, junto de quem sofre

Porto, 25 mar 2023 (Ecclesia) – Mariana Abranches Pinto, presidente da associação ‘Compassio’, afirmou que é necessário construir comunidades que “saibam cuidar melhor das pessoas”, em particular quem enfrente situações de doença e de solidão.

“A Compassio existe para recolocar a compaixão no centro das relações humanas, das comunidades, mas com foco nas pessoas em situação de fragilidade relacionada com a doença, o isolamento social e solidão”, assinala a responsável, na entrevista semanal conjunta Ecclesia/Renascença, emitida e publicada aos domingos.

“Nascemos frágeis, vamos morrer frágeis e no meio vamos cuidar uns dos outros”, acrescenta.

A presidente da Direção desta associação, sediada no Porto, aponta como objetivo “ativar e dinamizar as redes comunitárias, para pessoas com doença e em situação de solidão e isolamento social”.

“A pior coisa é a solidão, o abandono das pessoas”, insiste.

A criação de uma “cultura compassiva” implica, segundo a responsável, abordar temas que são “tabu”, como “a morte, o sofrimento, o envelhecimento, a finitude da vida”.

“Queremos muito que as pessoas não se fechem em si e que partilhem, que tenham um espaço seguro onde possam falar com outros que passam por situações semelhantes”, precisa.

Mariana Abranches Pinto detalha as várias iniciativas que a ‘Compassio’ desenvolve, neste sentido, assumindo particular preocupação com o isolamento nas grandes cidades.

Ouvem-se casos de pessoas que morreram sozinhas em casa, o que é uma coisa completamente inacreditável. Como é que na nossa sociedade, no século XXI, alguém pode morrer em casa e depois dá-se pelo cheiro ao fim de uns dias? Não pode ser. Não pode ser. Temos de fazer alguma coisa. Temos de estar mais atentos”.

Questionada sobre a falta de acesso aos cuidados paliativos, a entrevistada considera que é necessário apostar nesta “arte de cuidar de uma forma integral da pessoa”.

“É preciso voltar a esta cultura de proximidade, com base na compaixão. Ou seja, fazer tudo para aliviar ou evitar o sofrimento do outro e o nosso próprio também”, precisa a presidente da ‘Compassio’, numa dinâmica que deve envolver o Estado e a sociedade civil.

Henrique Cunha (Renascença) e Octávio Carmo (Ecclesia)

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Agência ECCLESIA

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