Sociedade: «Falar em liberdade religiosa não e outra coisa do que falar em liberdade» – Cardeal Tolentino Mendonça

Prefeito do Dicastério para a Educação e a Cultura dialogou com o presidente da Assembleia da República sobre «as religiões como património da Humanidade»

Foto Agência ECCLESIA/PR

Lisboa, 13 dez 2023 (Ecclesia) – O cardeal Tolentino Mendonça afirmou hoje, na Assembleia da República, que as religiões são um “património insubstituível, defendem “a dignidade da pessoa humana”, sustentam “soluções integrais” no discurso ecológico e são produtoras de beleza.

O prefeito do Dicastério para a Educação e a Cultura participou, com o presidente da Assembleia da República, no colóquio “As Religiões como Património da Humanidade”, e defendeu que é possível “encontrar um bom acordo entre culturas e religiões diferentes” que permitem identificar “uma estrada de convivência serena”.

“Falar em liberdade religiosa não e outra coisa do que falar em liberdade”, afirmou D. José Tolentino Mendonça.

Para o cardeal português, “as religiões são um insubstituível património de todos e que a todos diz respeito” e oferecem à humanidade “um horizonte de verdade” e de ajuda na “decifração do particular enigma” sobre o sentido.

D. José Tolentino Mendonça defende a “importância da experiência religiosa para afirmação da dignidade da pessoa humana” e afirma que “o autêntico culto a Deus conduz ao reconhecimento e ao respeito pela sacralidade da vida”.

Foto Agência ECCLESIA/PR

A respeito do cuidado da casa comum, o cardeal madeirense considera que “as religiões sinalizam uma ética de responsabilidade em relação ao mundo” e colocam os cidadãos “perante o desafio de procurar soluções integrais”.

O prefeito do Dicastério para a Educação e a Cultura defende que a crise climática é também uma “crise de autorrepresentação do ser humano e do papel que lhe compete no criado”.

O cardeal Tolentino Mendonça referiu a “relação da experiência religiosa e da beleza”, evocando o “património civilizacional que representa a beleza produzida pela experiência religiosa”.

D. José Tolentino Mendonça lembrou também a perseguição religiosa no mundo, referindo que relatório de 2023 sobre a Liberdade Religiosa no Mundo, da Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre, indica que 1 em cada 3 países sofre de “graves violações da liberdade religiosa”.

“Também em seu nome estamos aqui”, concluiu.

Para o presidente da Assembleia da República, as religiões são “quadros de interpretação e de orientação no mundo” e “eixos essenciais da vida coletiva, quer para os religiosos, quer para aqueles que não têm crença religiosa definida”, como o próprio se afirma.

Augusto Santos Silva disse que a cultura humanista europeia é “indispensável para que o contexto da liberdade religiosa e o diálogo entre as religiões seja o mais favorável possível”, lembrando também o “lado sombrio” das religiões, onde a afirmação da “verdade” aconteceu em contexto de conflitos.

“Encontramos em todas as grandes religiões os antídotos necessários para contraria este lado sombrio”, afirmou.

Augusto Santos Silva defende que as condições de diálogo inter-religioso “serão as melhores” se forem olhadas enquanto “grandes obras de cultura da civilização humana” e defendeu que é necessário “proteger” as religiões, alertando o surgimento de correntes de “magia pura” ou “feitiçaria”.

“É do interesse da sociedade democrática valorizar as religiões”, afirmou o presidente da Assembleia da República, alertando para o risco da centralidade das religiões na organização da sociedade ser substituída por “feitiçaria e magia”, sublinhando que “esse risco é real” e “prejudica a democracia”.

O colóquio “As Religiões como Património da Humanidade” encerrou um ciclo de comemorações dos 20 anos da Lei de Liberdade Religiosa, a Lei 16/2001, de 22 de junho,  promovidas pela Assembleia da República.

PR

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Agência ECCLESIA

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