Lisboa, 05 dez 2013 (Ecclesia) – José Vera Jardim, antigo ministro da Justiça, considera que há “um processo de laicização da sociedade” mas destaca a atualização da Doutrina Social da Igreja que o Papa está a promover com as suas palavras e ações.
“Na verdade o que o Papa Francisco tem vindo a fazer não é muito novo na Doutrina Social da Igreja (DSI) mas é uma atualização face a uma situação que o mundo atravessa de grande desigualdade entre as pessoas ”, revela à Agência ECCLESIA José Vera Jardim, coautor da atual Lei de Liberdade Religiosa.
O ex-deputado socialista assinala que o Papa “ao longo da vida” sempre teve uma “inclinação para defesa dos pobres, daqueles que são excluídos da sociedade” e que agora, com a exortação apostólica deu “porventura o mais importante sinal de que a DSI tem hoje uma atualidade muito grande e que deve ser lida por todos que têm funções dirigentes no país quer ao nível político, quer ao nível financeiro”.
Alexandre Sá, professor auxiliar na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, destacou por seu lado que o papel da Igreja Católica na sociedade foi sempre “desde logo social”, cuja importância torna-se “fundamental em períodos” como o atual.
“O Papa no fundo exorta e interpela os cristãos no sentido de se sentirem interpelados pela sua própria vida e de agirem em conformidade com isso”, analisa.
Para José Rosa, professor auxiliar da Universidade da Beira Interior, a “vida coletiva precisa de intervenção crítica”, que as pessoas intervenham na “pólis” e as religiões desempenham um “papel fundamental”.
Nesse sentido, o docente de Filosofia, assinala que o Papa Francisco é “uma grata surpresa” de “muita coerência entre o que diz e o que vai fazer” destacando as suas palavras de “denúncia” económica que são “muito importantes” porque a economia ocupou “o lugar de uma nova teologia”.
“É muito importante a religião neste momento”, assinala por sua vez Maria Barroso, presidente do Conselho de Administração da ONGD Pro Dignitate – Fundação de Direitos Humanos, que acrescenta que o Papa é “uma esperança de modificação do mundo, de valores materiais, de consumismo, num mundo de tolerância, de compreensão”.
“A religião, agora, apregoada e praticada por ele é extremamente importante para melhorar de facto a sociedade que está a criar horizontes de desesperança às gerações mais novas”, acrescenta.
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