Sociedade: Estudos revelam que portugueses querem mais cooperação internacional e políticas mais justas para os países em desenvolvimento

Fundação Fé e Cooperação e Instituto Português promoveram dois estudos no âmbito do projeto Coerência – O Eixo do Desenvolvimento

Lisboa, 11 ago 2025 (Ecclesia) – Os portugueses defendem que o mundo precisa de mais cooperação entre países e políticas mais justas para os países em desenvolvimento, revelaram estudos divulgados hoje pela Fundação Fé e Cooperação e o Instituto Marquês de Valle Flôr.

“A grande maioria (83%) considera que o mundo vai precisar de mais cooperação internacional. A área mais apontada onde é mais necessária a concertação internacional é a da manutenção da paz e segurança global (68%)”, pode ler-se no estudo “O que pensam os portugueses sobre desenvolvimento global?”.

Segundo a sondagem nacional, realizada pela PITAGÓRICA, mais de metade (54%) afirmam que é importante que Portugal se empenhe em apoiar os países mais vulneráveis, como os da África lusófona, e quando os inquiridos são questionados se Portugal deveria apoiar países com pobreza extrema, 66% é a favor e 55% também é a favor ao apoio a países em emergências humanitárias.

No que respeita ao perdão de dívidas aos países mais pobres por parte de Portugal, 68% concorda, desde que que se assegure o compromisso de usar os fundos para desenvolvimento e redução de pobreza (48%).

O estudo, com data de edição de janeiro, revela também que 70% dos inquiridos considera que a União Europeia deve eliminar práticas que prejudiquem o desenvolvimento sustentável de outros países e cerca de 71% concorda com a necessidade de Portugal parar de subsidiar combustíveis fósseis e começar a apoiar mais as energias renováveis e tecnologias limpas em Portugal.

No que respeita ao desenvolvimento e segurança alimentar, “uma grande parte (74%) é da opinião que a União Europeia deve redirecionar os fundos de ajuda para apoiar agricultores familiares e práticas agrícolas que ajudem os países mais pobres e combatam a fome”.

“Estes resultados evidenciam uma opinião pública favorável à continuidade, e até reforço das políticas de ajuda ao desenvolvimento e cooperação internacional, particularmente com os países da lusofonia”, evidencia a Fundação Fé e Cooperação (FEC) e o Instituto Marquês de Valle Flôr (IMVF) em comunicado.

As duas promoveram também o estudo “Podemos arriscar a incoerência?”, que foi igualmente elaborado no âmbito do projeto Coerência – O Eixo do Desenvolvimento, que alerta para os riscos de políticas nacionais e europeias que contradizem os objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS).

De acordo com a investigação, “Portugal, apesar dos avanços, continua a aplicar políticas internas e externas que contradizem os princípios da justiça global, como o apoio a práticas comerciais injustas, políticas migratórias restritivas ou acordos económicos desequilibrados”.

“O estudo chama a atenção para os impactos negativos de decisões políticas que, embora tomadas no plano nacional ou europeu, têm consequências diretas e desproporcionais em países em desenvolvimento”, salientam a FEC e o IMVF em comunicado.

Estas incoerências políticas, concluem, “prejudicam diretamente países como a Guiné-Bissau, onde o acesso a bens essenciais, mercados justos e financiamento sustentável depende de decisões tomadas nos centros de poder da Europa”.

Além disso, o estudo, editado em junho, apela a uma Coerência das Políticas para o Desenvolvimento Sustentável (CPDS) – conceito que propõe alinhar todas as políticas (económicas, comerciais, ambientais, fiscais, migratórias) com os direitos humanos, a justiça global e a erradicação da pobreza.

“Sem esse alinhamento estrutural, o contributo de Portugal e da União Europeia para os ODS continuará a ser fragmentado e, em muitos casos, contraditório com os seus próprios discursos e compromissos internacionais”, destacam a FEC e o IMVF.

Os dois estudos mostraram ainda que os portugueses valorizam a educação para a cidadania global e querem estar informados sobre o impacto das decisões políticas no mundo.

“Acreditam que a solidariedade deve ser expressa não só através da ajuda financeira, mas também na forma como Portugal se posiciona no comércio, no ambiente, na migração e nas relações internacionais”, dão conta as instituições.

LJ/PR

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