Sociedade: Escutismo é «escola da paz», respeito pela diferença e diálogo inter-religioso

Português João Armando Gonçalves, responsável mundial pelo movimento, elogia trabalho na preparação de «cidadãos globais»

Lisboa, 28 jan 2015 (Ecclesia) – O presidente do Comité Mundial do Escutismo elogiou o papel do movimento como escola de paz, respeito pela diferença e diálogo inter-religioso a nível global.

“Do ponto de vista religioso não é um desafio grande porque essas práticas temos bastante enraizadas, temos consciência que há imensa diversidade. Às vezes é mais cultural, a forma como veem as coisas, o hemisfério norte e o hemisfério sul ou do este e do oeste”, comentou o português João Armando Gonçalves.

À Agência ECCLESIA, o responsável frisou que não existem problemas de diálogo inter-religioso no escutismo e assinalou que muitas das atividades que promovem vão no sentido de “pôr em contacto essas diferenças” porque são oportunidades educativas.

“A ideia de num jamboree (acampamento mundial) com 30 ou 40 mil pessoas misturarem-se regiões nos campos é uma descoberta. A curiosidade natural dos jovens e miúdos fá-los tentar descobrir como é que as pessoas da mesma idade vivem noutro país”, exemplifica.

“Para nós, preparar cidadãos globais passa por este grau de aceitação e respeito pela diferença”, observa João Armando Gonçalves, em visita a Portugal.

No contexto dos atentados religiosos em França, o presidente do Comité Mundial do Escutismo destacou que as cinco associações escutistas francesas – inspiração judaica, cristã, muçulmana e sem conotação religiosa – escreveram uma “declaração sobre paz e entendimento”, “semanas antes”.

A nível mundial a palavra marcante é “diversidade”, dado com a oportunidade para cada pessoa “professar a sua religião”.

Neste contexto, uma das resoluções da conferência mundial na Eslovénia, em agosto de 2014, foi a de “reforçar” a importância da espiritualidade na proposta educativa para ser “a mais completa possível” – desenvolvimento físico, emocional e espiritual.

Na área da sexualidade, o presidente do Comité Mundial do Escutismo sublinha que o tema é “muito cultural” e que existe a preocupação de que os Direitos do Homem “sejam preservados”.

“O que nos preocupa é que as opções sexuais não sejam motivo de discriminação e perseguição, como acontece nalguns países. Em Portugal nem sequer é um assunto”, acrescenta o entrevistado.

João Armando Gonçalves foi eleito para a posição mais importante do escutismo durante a Conferência Mundial que decorreu em Liubliana, Eslovénia, de 11 a 15 de agosto de 2014.

O Comité Mundial do Escutismo com cerca de 40 milhões de pessoas, em 160 organizações nacionais, pretende afirmar-se como o “maior” movimento de educação não formal do mundo, na perspetiva de “ajudar a formar cidadãos ativos” e crescer até aos 100 milhões, em nove anos (2023).

Segundo João Armando Gonçalves este propósito concretiza-se em seis áreas estratégicas, duas mais operativas internamente: “Envolvimento dos jovens; impacto social; diversidade de inclusão; método educativo e a comunicação e as relações externas”.

HM/CB/OC

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Agência ECCLESIA

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