Sociedade: Dia Mundial da Justiça Internacional alerta para conflitos esquecidos

17 de julho marca aniversário da adoção, em 1998, do Estatuto de Roma, tratado fundador do Tribunal Penal Internacional

Foto: Lusa/EPA

Lisboa, 17 jul 2024 (Ecclesia) – O diretor das Obras Missionárias Pontifícias (OMP) em Portugal, padre José Rebelo, alertou hoje para a importância de lembrar os “muitos conflitos” esquecidos, financiados por potências interessadas em explorar recursos naturais de outros países.

“Os Emiratos Árabes Unidos, do qual faz parte o Dubai, estão a apoiar as forças de suporte rápido no Sudão” porque este país “é rico em urânio”, exemplificou o padre José Rebelo, em entrevista à Agência ECCLESIA por ocasião do Dia Mundial da Justiça Internacional.

O missionário comboniano realçou que a solidariedade “obriga a estar com o povo e a denunciar estas situações”.

O diretor dsa OMP trabalhou muitos anos na comunicação social e sentiu isso como “um dever”.

“Em diversas situações, na África, nas Filipinas, sempre quis ir ao terreno e fazer a experiência para poder contar”, acrescentou.

No sul das Filipinas, este sacerdote visitou e depois reportou “sobre missionários que estavam vivos por milagre e outros foram mortos na sua vez”.

Ao longo dos anos, as revistas dos missionários Combonianos deram “visibilidade a estes conflitos esquecidos”.

Quando os conflitos têm “alguma visibilidade”, o Tribunal Penal Internacional entra em ação, “como acontece na guerra da Ucrânia, em Israel e na Palestina, mas há muitos outros conflitos de intensidade”, afirmou o padre José Rebelo.

O missionário comboniano relata também episódios de conflitos armados na Capital do Sudão, Cartum, que destruíram grande parte da cidade e o ‘Comboni College’ (Universidade dos Combonianos) deixou de funcionar naquele espaço físico.

“As pessoas estão a viver um drama terrível e neste momento, a universidade funciona online a partir do Porto Sudão, sobre o Mar Vermelho”, disse.

Uma “guerra financiada por grandes potências” que têm petróleo, mas com recursos naturais limitados.

“Querem apostar no nuclear, e no Sudão há muito urânio. Além disso, querem garantir a segurança alimentar porque sabemos como os Emiratos Árabes é deserto”, lamentou o missionário comboniano.

Conflitos que “não têm fim à vista”, lamentou o padre José Rebelo em entrevista emitida hoje no Programa ECCLESIA, na RTP2.

O dia 17 de julho marca o aniversário da adoção, em 1998, do Estatuto de Roma, o tratado fundador do Tribunal Penal Internacional (TPI).

Nesta ocasião, a União Europeia reafirma “o seu apoio inabalável” ao TPI.

“A União Europeia opõe-se firmemente a quaisquer tentativas de minar o quadro do Estatuto de Roma e o sistema internacional mais alargado de justiça penal, sobre o qual repousam as últimas esperanças de muitas vítimas em todo o mundo”, indica uma nota divulgada online.

HM/LFS/OC

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