Sociedade: Cooperativas «são solução» para ausência de resposta do Estado e do setor privado – Manuel Tereso

Membro da direção da Federação Nacional de Cooperativas de Habitação Económica acredita que convocação do Ano Internacional das Cooperativas pode «sensibilizar» população para respostas sociais mas importa formar novas gerações para este modelo de organização social  

Foto: Agência ECCLESIA/MC

Lisboa, 03 jan 2025 (Ecclesia) – O Ano Internacional das Cooperativas, convocado pela Organização das Nações Unidas para 2025, deve ajudar a “sensibilizar” a população e os governantes para as ajudas que nascem da organização social, e deve apostar na formação de novas gerações.

“O Estado não faz, o setor privado não faz. As cooperativas muitas vezes atuam exatamente como retaguarda para aquilo que a sociedade no seu todo, em termos privado e em termos público, não faz e, portanto, há que dar dignidade e visibilidade ao setor para maior apoio a estas estruturas”, apresenta Manuel Tereso, da direção da FENACHE – Federação Nacional de Cooperativas de Habitação Económica.

Treze anos depois da convocação de um Ano Internacional das Cooperativas, em 2012, como reconhecimento do seu papel fundamental na promoção do desenvolvimento sócio-económico de centenas de milhões de pessoas em todo o mundo, a ONU volta a propor o tema para 2025.

“Os Anos Internacionais são oportunidades para sensibilizar os decisores para o trabalho das entidades que ajudam a resolver, de forma solidária e sustentável, os problemas das comunidades”, assinala o responsável.

As cooperativas, enquanto formas de organização, que querem prestar serviços aos seus membros e atuam em nome deles, procuram criar condições favoráveis ao desenvolvimento de determinada área ou atividade económica, procurando uma relação direta entre produtores e consumidores, ajudam ao desenvolvimento local e, no caso da habitação, são um caminho para uma “larga faixa da população” que, indica Manuel Tereso, não tem critérios para “habitação social e está longe de ter rendimentos que possam responder à lei do atual mercado”.

Sem perseguir o lucro, e partindo da realidade dos seus membros, as cooperativas são “parte da solução” para o problema habitacional que Portugal enfrenta.

Questionado sobre a existência de “um estigma” nesta forma de organização, Manuel Tereso indica haver “desconhecimento”.

Manuel Tereso pede “mobilização de recursos para formação e a educação cooperativa” junto da população para “explicar que cooperar é uma coisa fantástica”, procurando envolver as novas gerações.

“Nos anos 80 e 90 houve um significativo aumento de cooperativas e algumas estão ai ainda servir de exemplo. Há muitos sítios do país, nomeadamente aqueles em que são mais isolados, que não havendo cooperativas ou entidades do setor social a prestar serviço às comunidades, não teriam mais ninguém que olhasse por elas”, regista.

O responsável explica a importância de as comunidades se envolverem na resolução dos problemas que enfrentam contribuindo, simultaneamente, para uma “economia mais sustentável e mais solidária”.

“Importa partilhar as boas práticas que existem e chamar a atenção para o facto de serem as comunidades que têm nas suas mãos a resolução dos seus próprios problemas, seja na área da habitação ou outra, porque as cooperativas respondem a vários problemas”, reconhece.

A conversa com Manuel Tereso está no centro do programa ECCLESIA, emitido este sábado, na Antena 1, pelas 6h.

LS

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Agência ECCLESIA

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