De acordo com os bispos portugueses, a realidade actual não é tão diferente daquela de há dois mil anos atrás – a sociedade em crise continua a precisar de um Deus feito Homem para, na simplicidade de um Menino, relembrar aos homens o caminho para a verdadeira convivência.
Na sua homilia da Missa do Galo, D. Ilídio Leandro reflectiu sobre a conjuntura económica e social do país, considerando que os problemas actuais têm como denominador comum a palavra “rejeição”, propiciadora de todas as outras crises.
Crianças que não são aceites ao nascer; famílias que não são reconhecidas nem protegidas; o desemprego, a fome, as desigualdades sociais e económicas; para o bispo de Viseu, a pior crise é mesmo “não haver lugar para as pessoas”.
Cristo, apesar de “nascer na clandestinidade”, não deixou de “revelar e ensinar o amor”, apontando soluções que o prelado considera válidas para os tempos que correm: “colocar-se ao lado dos pobres e excluídos e tocar o coração de todos os privilegiados da vida”.
Neste tempo de Natal, D. Ilídio Leandro encontra ainda duas lições que deverão nortear a sociedade: a “Comunhão” entre os homens, especialmente “os mais pobres, marginalizados e deserdados da terra; e a “Missão”, que cabe a todos os cristãos, chamados a anunciar os valores da “paz, fraternidade, justiça, verdade e amor”.
“Sem a prática destes valores, não há Natal cristão” sublinha o prelado.
Uma ideia partilhada pelo bispo do Funchal, D. António Carrilho, que na sua mensagem aos fiéis madeirenses se referiu ao verdadeiro espírito do Natal.
“O crente nunca poderá esquecer a necessidade e a urgência de pautar a sua vida pela proposta de salvação, oferecida pelo nosso Deus” realça o prelado, que vê em “Jesus, a Boa Nova do Pai”, o verdadeiro presente de Natal.
“Só Ele pode libertar, efectivamente, o homem e a mulher, apontando-lhes novos ideais e caminhos de descoberta do verdadeiro sentido da vida” conclui.
A vinda de Jesus é definida por D. José Policarpo como “a luz de Deus”, que a todos deve inundar.
Na sua mensagem para a noite de Natal, o Cardeal-Patriarca de Lisboa refere que só essa Luz poderá fazer “renascer a esperança” no coração dos homens, transformando-os através da Palavra de Deus.
Cabe aos cristãos “irradiar à sua volta a luz de Cristo”, defende o prelado, manifestando o desejo de ver em cada crente “um mensageiro de esperança”.