Sociedade: Comissão Nacional Justiça e Paz reafirma que as migrações são «um bem para todos»

Organismo laical da Igreja Católica salienta «o bem que migrações legais, ordenadas e seguras podem trazer às sociedades»

Foto: Lusa

Lisboa, 17 set 2024 (Ecclesia) – A Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP) publicou hoje uma nota sobre as migrações onde refere “a imprescindibilidade de trabalhadores imigrantes em vários setores da atividade económica em Portugal”, os “contributos financeiros” para o Estado e a crise demográfica na Europa.

“Ao contrário do que muitas vezes se propala, o incremento da imigração que Portugal conheceu nos últimos anos não se traduziu num incremento da criminalidade. De um modo geral, o imigrante típico caracteriza-se por uma especial capacidade de trabalho, poupança e dedicação à família, o que contrasta em absoluto com uma maior tendência para a delinquência”, explica o organismo laical, na nota publicada esta terça-feira, e enviada à Agência ECCLESIA.

A CNJP assinala que “acolher, proteger, promover e integrar os imigrantes”, quatro verbos que têm marcado o discurso do Papa Francisco em matéria de migrações, são também “as formas mais eficazes de prevenir a criminalidade”.

A Comissão Nacional Justiça e Paz, da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), afirma que se vai evidenciando, cada vez mais, “a imprescindibilidade de trabalhadores imigrantes” em vários setores da atividade económica em Portugal, e destaca que os contributos financeiros dos imigrantes para o Estado português “são maiores do que as prestações de que beneficiam, “apesar de eles conhecerem até maior risco de pobreza e privação material severa do que os nacionais”.

O documento refere ainda que a crise demográfica na Europa “torna necessário o recurso a esses trabalhadores”, mas esse “não é a única forma de enfrentar essa crise”.

“Não podemos limitar-nos, egoisticamente, a atender ao bem que os imigrantes podem trazer ao nosso país, esquecendo o bem que as migrações podem representar para eles próprios e para os seus países de origem”, acrescenta.

O organismo laical da Igreja Católica observa que em Portugal, “um país marcado pela emigração desde há séculos”, existe quem “tema o choque que possa resultar do encontro com imigrantes de culturas diferentes” com a portuguesa, mas realça que é certo que “a maior parte dos imigrantes” que chegam “partilham a língua e, nessa medida, são culturalmente próximos”.

O Papa Francisco, destacam, tem sublinhado “como o diálogo de culturas se traduz num enriquecimento recíproco”, como na encíclica ‘Fratelli tutti’ onde escreve: «Toda a cultura saudável é por natureza aberta e acolhedora, não estática».

Para a CNJP é preciso “encarar as migrações na perspetiva da justiça social”, à luz do princípio do destino universal dos bens, e destacam a mensagem para o Dia Mundial da Paz 2018, onde Francisco também cita o Papa Bento XVI: «Todos têm o mesmo direito de usufruir dos bens da terra, cujo destino é universal, como ensina a doutrina social da Igreja».

A Comissão Nacional Justiça e Paz explica que com esta nova nota sobre migrações quer sublinhar “o bem que migrações legais, ordenadas e seguras podem trazer às sociedades de origem e destino dos imigrantes”, na linha do que tem feito o Papa Francisco e em consonância com os seus antecessores, num tempo em que se vão ouvindo, “com cada vez mais força, em Portugal e noutros países, vozes hostis aos imigrantes”.

“Deverá continuar a ser sempre para nós motivo de orgulho patriótico e de alegria que os imigrantes queiram viver em Portugal por ser um país acolhedor onde se sentem em casa. Deverá ser motivo de vergonha e de tristeza que aqui se sintam hostilizados e vítimas de discriminação e injustiça.”

CB/PR

 

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Agência ECCLESIA

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