Sociedade: Católicos devem perceber o mundo e ser coerentes com a sua fé

Bagão Félix, Guilherme Oliveira Martins e João Meneses intervieram nas jornadas de formação do clero de Lisboa

Lisboa, 25 jan 2012 (Ecclesia) – Os católicos devem interpretar as tendências da sociedade à luz da Bíblia e agir de acordo com a sua fé, sublinharam esta terça-feira Bagão Félix e Guilherme d’Oliveira Martins, oradores nas jornadas de formação do clero de Lisboa.

“O fundamental, tanto para um padre como para um leigo, é saber ler os evangelhos à luz da situação contemporânea na perspetiva económica, social e política, procurando o bem comum baseado numa cultura do próximo”, disse o antigo ministro das Finanças Bagão Félix à ECCLESIA.

O “notável documento” que é a última encíclica de Bento XVI, ‘Caritas in veritate’, representa para o atual membro do Conselho de Estado uma síntese da atuação dos católicos no mundo.

O texto, referiu, destaca a necessidade de “lidar com os meios mas não os confundir com os fins” e “lidar com as técnicas mas não as idolatrar nem as sobrepor à ética”, ao mesmo tempo que apresenta uma “visão transcendental sobre o desenvolvimento”.

Para Guilherme d’Oliveira Martins, também antigo responsável pela pasta das Finanças, “é indispensável que a Igreja compreenda os sinais dos tempos”, constituídos pelas “manifestações de Deus” e a “evolução da cidade dos homens”, entre as quais há “um diálogo profundo”.

O presidente do Centro Nacional de Cultura acrescentou que as convicções não devem ser subjugadas “aos elementos puramente conjunturais”: “Os últimos 20 anos e a crise financeira em que nos encontramos dizem-nos claramente que se cedemos ao imediatismo, perdemos”.

Bagão Félix realçou a importância do “testemunho” dos cristãos, enquanto que Guilherme d’Oliveira Martins declarou que “o exemplo é fundamental” e a sua ligação à palavra constitui “o cerne do magistério na Igreja”.

O professor universitário João Meneses, o terceiro convidado do painel ‘A ousadia da profecia no campo da cultura, do social e da política’, salientou que “o grande desafio para o clero é deslumbrar-se em cada dia com cada pessoa”, estabelecendo com ela uma “relação de solenidade e risco” que “não seja paternalista”.

O clero deve ser “amplificador” do “dom e da promessa” que cada pessoa tem “por cumprir”, sem esquecer de transmitir a fé “de forma brilhante”, observou o coordenador do Gabinete de Apoio à Mouraria, bairro de Lisboa de intervenção social prioritária.

As jornadas de formação permanente do clero do patriarcado, dedicadas ao tema ‘Assumir sem medo e com ousadia a dimensão profética da Igreja’, decorrem até sexta-feira no Seminário dos Olivais, às portas da capital.

PTE/RJM

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