Sociedade: Ajudar a «redescobrir o valor e a dignidade da pessoa humana» é desafio da Igreja – Bispo do Porto

D. António Francisco do Santos alertou para «individualismo» que é um das marcas da sociedade

Porto, 14 abr 2017 (Ecclesia) – O bispo do Porto afirmou na Missa Crismal de Quinta-feira Santa que se vive um “tempo inteiramente novo” que exige “uma renovada evangelização, uma nova atitude”, com novos modelos de transmissão da Palavra de Deus numa sociedade “individualista”.

“O individualismo é um das marcas deste nosso tempo. Valores e convicções são muitas vezes costurados por medida. E porque estranhamos, depois, que nasça no coração humano o medo do futuro e irrompa o terror da morte em tantos lugares do mundo?”, disse D. António Francisco dos Santos.

Na homilia enviada hoje à Agência ECCLESIA, o bispo do Porto explicou que o individualismo alastra na mesma medida em que se “asfixia” o sentido de pertença, a solidariedade, a construção do bem comum, a justiça social, a ousadia da caridade.

Na catedral, alertou ainda para o abafamento da beleza “da doação radical a Deus e do serviço aos irmãos”, bem como, o “exercício generoso do poder” entendido como serviço nobre, gratuito e feliz.

Neste contexto, D. António Francisco dos Santos afirmou que um dos “maiores desafios” que, hoje, se colocam à Igreja é ajudar o mundo a “redescobrir o valor e a dignidade da pessoa humana” como lugar de abertura aos outros, à família, à comunidade e a Deus.

“É este o imperativo irrenunciável do Evangelho de hoje e o rumo da vida pastoral no futuro de uma Igreja que é mãe”, acrescentou na homilia desta Quinta-feira Santa.

Para o bispo do Porto, o atual tempo de viragem civilizacional é “difícil, exigente”, mas “desafiante e habitado pela esperança cristã”, em que se esboça a possibilidade de um “reencontro entre fé e vida, entre Deus e mundo, entre cultura e cristianismo”.

“O fenómeno religioso não desapareceu das nossas sociedades. Bem pelo contrário: Nasce, renasce a afirma-se com impressionante novidade em tantos sinais cheios de vigor e de encanto”, desenvolveu ao clero da Diocese do Porto presente na Missa Crismal.

O bispo diocesano realçou que o processo de “reconciliação da sociedade secular com a Igreja” é um desafio maior para “todos os cristãos” mas, muito concretamente, para cada um dos sacerdotes.

“A reaproximação da Igreja à sociedade deste tempo requer a credibilidade testemunhal da própria Igreja, a nossa plena identificação com Cristo e a nossa paixão pelo Evangelho”, observou.

Apresentando o Evangelho como “manual de instruções” para os sacerdotes, D. António Francisco dos Santos frisou que o testemunho “é a chave para que a Igreja possa ser uma mais-valia para a sociedade dos homens”.

“O testemunho obriga-nos, como Igreja, a assumirmos a alegria do Evangelho como nossa missão. O testemunho é o rosto visível da caridade pastoral, essência do nosso ministério, que os homens e mulheres do nosso tempo esperam de nós sacerdotes”, referiu na homilia que pode ser lida no sítio online da diocese.

O bispo do Porto realçou ainda que existe quem imagine “balizar uma fé” sem possibilidade de habitar o mundo e sem interferir na sua cultura.

O mundo, a Igreja Católica, a sociedade portuguesa e a perspetiva da celebração da Páscoa como festa de misericórdia são temas abordados por D. António Francisco numa entrevista à Agência ECCLESIA, publicada esta quinta no mais recente semanário digital com o tema ’14 passos da Cruz’.

CB

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