Sociedade: «A pessoa com deficiência tem vindo a ser colocada progressivamente mais às margens», alerta irmã Marta Couto

Consagrada dos Silenciosos Operários da Cruz aborda celebração do Dia Internacional das Pessoas com Deficiência e celebração jubilar a elas dedicada no Santuário de Fátima

Foto: Agência ECCLESIA/HM

Lisboa, 03 dez 2025 (Ecclesia) – A irmã Marta Couto, da associação dos Silenciosos Operários da Cruz, alertou, em entrevista à Agência Ecclesia, para o clima de exclusão que as pessoas com deficiência são alvo na sociedade.

“A pessoa com deficiência tem vindo a ser colocada progressivamente mais às margens”, afirmou a leiga consagrada, acrescentando que era desejável que acontecesse o contrário, com o desenvolvimento das sociedades.

O Dia Internacional das Pessoas com Deficiência é celebrado anualmente a 3 de dezembro, com o objetivo de promover os direitos e bem-estar das pessoas com esta condição, na sociedade e a sua participação nos vários domínios social, cultural, económico e político, segundo o Centro de Informação Europeia Jacques Delors.

“Infelizmente, muitas das vezes, e atualmente vemos a crescer a sombra à volta das pessoas com deficiência”, lamentou a irmã Marta Couto.

Em Fátima, a data que hoje se assinala é celebrada pelo Grupo da Diferença, que engloba as cinco instituições do concelho de Ourém que dão apoio à pessoa com deficiência (CRIF – Centro de Reabilitação e Integração de Fátima, Centro João Paulo II e Escola de Educação Especial “Os Moinhos”, CRIO – Centro de Reabilitação e Integração de Ourém e Casa do Bom Samaritano).

“Tem um programa celebrativo e muito importante para que estas instituições também possam criar relações e partilhar experiências entre elas. É sempre um dia muito bonito e cheio de alegria”, assinalou a entrevistada.

Além deste dia, as pessoas com deficiência e seus cuidadores são convidados a participar no jubileu a eles dedicado agendado para o dia 13 de dezembro, no Santuário de Fátima, inserido no Ano Santo 2025.

“O nosso objetivo quando pensámos neste Jubileu da Pessoa com Deficiência foi precisamente não fazermos um jubileu para as pessoas com deficiência, mas com as pessoas com deficiência”, explica Marta Couto.

Nesse sentido, a leiga consagrada evidencia que o tema desta celebração é “Refletir a Esperança: ser espelho do amor de Deus”.

“É uma chamada de atenção para que as pessoas com deficiência e os seus cuidadores não sejam vistos pela Igreja, essencialmente, mas também pela sociedade, como um objeto de caridade […], mas que sejam eles próprios os atores desta pastoral”, destaca a leiga consagrada.

O dia jubilar é constituído por um programa com duas propostas complementares: uma dedicada às pessoas com deficiência, cuidadores e outros interessados – com dimensões de reflexão e partilha -, e outra dedicada, especificamente, às pessoas com deficiência psíquica – com um teor mais sensorial.

“Depois teremos também alguns momentos em conjunto nos quais teremos a oportunidade de compreender e de partilhar aquilo que é vivido em cada um dos programas”, adianta.

As duas propostas coincidem nos momentos de acolhimento, às 10h00, no Centro Pastoral de Paulo VI, no convívio ao almoço, às 13h00, e no encerramento, às 17h45, no mesmo lugar, e na missa com que se conclui o programa, às 18h30, na Basílica da Santíssima Trindade, presidida por D. José Traquina, bispo de Santarém e presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana.

A irmã Marta Couto indica que o dia vai incluir vários espaços que contam com os testemunhos de pessoas com deficiência e cuidadores, abordando expectativas, anseios e o trabalho que a Igreja pode desenvolver para ser, neste contexto, “mais unida” e “sinodal”.

A organização do Jubileu das Pessoas com Deficiência e seus Cuidadores é do Santuário de Fátima, em colaboração com o Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência, da Conferência Episcopal Portuguesa, e a Associação dos Silenciosos Operários da Cruz.

HM/LFS/LJ/OC

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