Sociedade: Luísa Vidal, do grupo «FigoMaduro», lança-se a solo com um EP «No Monte» e quer tocar as pessoas com a sua música

A compositora e interprete recorda o seu percurso na música que foi «ponto de encontro» entre a família 

Foto Agência ECCLESIA/MC

Lisboa, 22 mar 2023 (Ecclesia) – Luísa Vidal, que integra com a mãe Madalena e os três irmãos o grupo «FigoMaduro», quer que a sua música “partilhe uma mensagem” com as pessoas que a escutam e que as faça “refletir para além do quotidiano”.

“Olho para a música como partilha de mensagem. O EP tem músicas mais pessoais, mas tenho um rol de outras por lançar que são reflexões transversais. O meu objetivo é fazer as pessoas pensarem para além do quotidiano. A música é uma mensagem que chega diretamente ao coração. E eu gosto de pensar na minha música pode ser uma ajuda para quem a escuta”, explica à Agência ECCLESIA a jovem cantora que apresenta o sue primeiro trabalho a solo «No Monte».

A música foi uma “estrutura de educação familiar”, consolidada no projeto musical «FigoMaduro» que permitiu a família, após a morte do pai, permanecer junta e ter um sustento económico, mas foi também “ponto de encontro e aprendizagem para o respeito pelas diferenças, pelo tempo dos outros”.

“Numa tentativa de refazer a vida e pensar como organizar-se, a minha mãe, leu uma carta do Papa João Paulo II aos artistas, e nessa altura decidiu enveredar pela música envolvendo-nos a todos, num projeto musical profissional e de educação dos filhos. Quando o decidiu, fez sentido dar o nome de «FigoMaduro» porque tínhamos estado como família no acolhimento ao Papa, em 2000, no aeroporto FigoMaduro”, recorda.

Com o grupo «FigoMaduro», a família percorreu o país de norte a sul, interagiu com pessoas muito diferentes e públicos distintos, tendo alimentado em Luísa a vontade de “estar em relação, conhecer historias, ouvir as pessoas”.

Ao longo do meu percurso, mesmo enquanto estudava, procurava nas férias ir para fora e isso levou-me projetos de voluntariado e a procurar experiências que me foram enriquecendo a nível humano e moldando a visão que tenho do mundo e, por isso, as minhas composições também. O que podemos aprender uns com os outros, independentemente das condições em que nascemos e crescemos, marca o que escrevo”.

Luísa Vidal esteve em Tânger e em Casablanca, em Marrocos, em projetos das Missionárias da Caridade, a trabalhar com os sem-abrigo e mães solteiras que tinham filhos fora do casamento e eram descriminadas socialmente.

Numa altura em que estava a trabalhar, despediu-se para ir para Calais, em França, que recebia na altura cerca de nove mil refugiados com o sonho de rumar a Inglaterra: “Era uma realidade muito próxima e eu não estava a gostar do que estava a fazer e despedi-me para ir, sem saber ainda bem o que ia fazer, mas fui para o campo de refugiados para estar”.

A jovem compositora e intérprete radica à Academia de Líderes Ubuntu, ao qual esteve ligada durante algum tempo, de forma profissional, um tempo da sua vida muito bom, onde conheceu “pessoas muito boas” e onde ganhou ferramentas pessoais.

“Permitiu-me fazer um processo de crescimento pessoal enorme mas deu-me ferramentas para ir ao encontro do outro. Isso foi-me dando reportório de linguagem para desenvolver ideias que germinavam e compor. Acho que vinha de trás (a certeza da composição e da música na sua vida), mas a Academia deu-me espaço para criar ideias que eu já tinha”, sublinha.

Atualmente a viver no Alentejo, Luísa Vidal reconhece que a tranquilidade lhe deu espaço para olhar para as suas composições e investir na música.

“Casei com um engenheiro agrónomo, e teríamos de procurar aquele lugar, mas fui à procura de uma vida menos agitada, com mais tempo, a dar tempo ao estar. Permitiu-me dedicar tempo a composições que já estavam feitas, mas escutei-as de forma diferente, e pude pensar na sua produção. Aquela tranquilidade e espaço inspira-me para produzir estas músicas”, explica.

A conversa com Luísa Vidal e o seu trabalho «No Monte» pode ser acompanhada esta noite no programa ECCLESIA, na Antena 1, pouco depois da meia-noite, estando depois disponível no portal de informação e no podcast «Alarga a tua tenda».

LS

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Agência ECCLESIA

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