Sociedade: «3 Milhões de Nós» convida à esperança, à escuta e a combater preconceitos

Evento vai ter nova edição para 2027 e deixa perguntas: «Como é que te defines? O que te move? Qual o teu lugar neste mundo? O que vais fazer com o teu tempo?»

3 Milhões de Nós; Agência ECCLESIA/HM

Lisboa, 22 mar 2025 (Ecclesia) – Tiago Pinto Coelho, do 3 Milhões de Nós, (3MN), convidou no final do encontro a cultivar a esperança, afirmou que todos “podem ser um sinal para outros” e questionou “O que vais fazer com o teu tempo?”

“Daqui saem grandes perguntas que cada um pode levar para continuar o trabalho que aqui começamos: como é que te defines? o que te move? Qual o teu lugar neste mundo?”, elencou o apresentador ao encerrar a edição 3MN dedicada ao tema «É o teu tempo».

O humorista António Raminhos contou hoje, na edição de 2015 do 3 Milhões de Nós, o caminho que fez na sua vida para lidar com ansiedade e com o transtorno obessivo-compulsivo, e pediu aos participantes para não sentirem vergonha.

“Não faz sentido ter vergonha. Percebo o sentimento de se achar que se é fraco. Queremos sentir o amor, alegria, sentirmo-nos vivos, mas para lidar com eles queremos ser máquinas. Não é possível. Não há maior ato de coragem uma pessoa dizer – o que se passa comigo?”, partilhou com os presentes no encontro que decorreu hoje, organizado pela Comunidade Verbun Dei.

António Raminhos lida desde pequeno com ansiedade e transtorno obsessivo-compulsivo, estados que o levam “ao exagero” e aos 18 anos disse aos pais não conseguir continuar a viver desta forma, e a sua intenção de procurar ajuda.

Agência ECCLESIA/LS

“Todos nós temos uma história, e a minha não é melhor ou pior. O importante é o que fazemos com ela. O humor não tira seriedade, mas tira peso às coisas. O humor serve para relativizarmos”, enfatizou, quando questionado sobre a partilha que faz da sua história até em palco, em espetáculos de humor.

A edição de 3MN contou com a presença de Leonel Gomes de Cá, nascido no Bairro do Fim do Mundo, um local “onde a pobreza, a música e a cultura coexistem”.

“No bairro não era incomum ouvir dizer que alguém tinha sido preso, e isso era acompanhado pelo choro das famílias que ecoava quando alguém era preso. Mas o bairro tinha coisas positivas: as festas, os ritmos africanos, as tias a dançar”, recorda, acrescenta que hoje não trocava a geografia do seu crescimento.

O mais difícil, reconhece, “era perceber que o mundo fora do bairro olhava para de forma diferente” para quem o habitava: “O bairro era um rótulo, que trazia baixas expetativas, olhares desconfiados e baixas oportunidades”.

O advogado explica ter aprendido a “olhar o outro, não apenas pelo seu olhar”, aprendeu a desafiar preconceitos.

“Cabe a cada um de nós saber como lidar com os preconceitos, e pensar em que é que cada um de nós, e todos em conjunto, podemos fazer para que esta mudança continue a ser positiva”, pediu.

Os jornalistas Paulo Nogueira e João Porfírio desafiaram os participantes a “lerem jornais, ouvir noticiários” e a procurar “informação fidedigna”.

“Os jornalistas têm um papel importante e crucial na sociedade civil para a informação mas não podemos desprezar o valor que os cidadãos têm para filtrar a informação a que têm acesso no ‘scroll’ do seu telemóvel”, alertou o fotojornalista.

“O mundo não está bem mas quando eu nasci, e 15 anos antes estava pior (Paulo nogueira nasceu em 1960). O tempo é o que é, este é o vosso tempo, não estraguem o vosso tempo”, pediu.

Tomás Magalhães foi o último orador do dia e desafiou à empatia.

“Ninguém é redutível a uma linha, a uma palavra e que esquerda e direita têm muitas nuances. Temos de treinar empatia com quem odiamos. Se assim for, seremos mestres na arte da discórdia”, pediu.

A organização do 3 Milhões de Nós marcou nova edição para 2027.

LS

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