Papa apoia posições dos Bispos contra Mugabe Bento XVI manifestou-se preocupado com a situação vivida no Zimbabwe e apoiou publicamente o trabalho desenvolvido pelos Bispos católicos no país em favor da reconciliação e da justiça. O Papa discutiu a situação da Igreja no país presidido por Robert Mugabe ao receber n este sábado os membros da Conferência Episcopal do Zimbabwe, que concluíam a sua visita “ad limina Apostolorum”. “As recentes eleições no Zimbabwe foram a base do que espero que seja um novo início no processo da reconciliação nacional e da reconstrução moral da sociedade”, afirmou o Papa. Os Bispos têm sido muito duros nas críticas a Mugabe, considerando que “nos últimos cinco anos, a situação política, social e económica de Zimbabwe piorou dramaticamente”. A Conferência Episcopal criticou a distribuição forçada das terras dos proprietários de origem europeia, referindo que a mesma “abalou o sistema agrícola nacional, provocando um gravíssimo défice alimentar”. Nas últimas semanas, causou particular preocupação a operação “Murambatsvina” (“Restaurar a ordem”) iniciada a 19 de Maio pelo governo local, com o pretexto de liberar as cidades do mercado ilegal e das construções abusivas. Os Bispos do Zimbabwe manifestaram-se, nessa altura, numa carta pastoral intitulada “O grito dos pobres”. Bento XVI manifestou-se explicitamente sobre este último documento, explicando que “com esta carta, permitistes que a sabedoria do Evangelho e a rica herança da Doutrina Social da Igreja tivessem uma influência no pensamento e juízos práticos dos fiéis, tanto nas suas vidas diárias como nos seus esforços por actuar como membros rectos da comunidade”. “A responsabilidade pelo bem comum exige que todos os membros do corpo político trabalhem juntos para deixar fundamentos espirituais e morais firmes para o futuro da nação”, disse ainda. O Papa referiu-se explicitamente às “dificuldades do momento presente”, mas constatou com alegria que “a Igreja no Zimbabwe pode alegrar-se pela presença de muitas comunidades vibrantes na sua fé, por um significativo número de vocações ao sacerdócio e à vida religiosa, e pela presença de leigos entregues aos diferentes apostolados”. A concluir o Papa encorajou os prelados a trabalharem para uma preparação catequética compreensível para todos os fiéis, dando todos os passos necessários para a formação dos catequistas.