Situação da Igreja na China debatida no Vaticano

País tem milhões de católicos divididos entre o controlo de Pequim e a fidelidade ao Papa O Director da Sala de Imprensa da Santa Sé, Padre Federico Lombardi, confirmou oficialmente a realização de um encontro sobre a situação da China, este fim-de-semana, no Vaticano. Os trabalhos decorrem entre sexta e sábado, presididos pelo Cardeal Tarcisio Bertone, Secretário de Estado do Vaticano, e com a presença do Cardeal Joseph Zen, de Hong Kong. No final deste encontro, a Santa Sé emitirá um comunicado. Segundo a agência AsiaNews, participarão na reunião responsáveis da Secretaria de Estado e da Congregação para a Evangelização dos Povos, bem como prelados de Hong Kong, Taiwan e Macau. Da reunião poderá resultar a criação de uma comissão permanente para acompanhar a situação da Igreja Católica na China, ainda de acordo com a AsiaNews. Entretanto, a China reagiu com prudência, mas com evidente satisfação, à notícia (não confirmada oficialmente) de que Bento XVI teria aprovado a nomeação de um bispo proposto por Pequim. A informação foi avançada pelo jornal de Hong Kong “South China Morning Post”. Todos estes sinais parecem indiciar que a crise iniciada no ano passado, com a ordenação de três bispos da Associação Patriótica Católica (APC), escolhidos unilateralmente pelo governo chinês, está em vias de resolução. A questão da nomeação dos bispos representa hoje o principal obstáculo à normalização das relações entre a China e a Santa Sé. O Cardeal Zen defendeu, em Maio do ano passado, a suspensão das negociações por “má conduta” da China, por ter ordenado bispos sem o conhecimento e a aprovação por parte do Vaticano. A Santa Sé respondeu duramente após estas ordenações – outras iriam acontecer meses mais tarde – recordando que estes actos levavam a uma excomunhão latae sententiae e colocavam entraves ao diálogo com a China. A 2 de Dezembro de 2006, um outro comunicado do Vaticano veio sublinhar a “profunda dor” do Papa face a novas ordenações “ilegítimas”. Bento XVI tem expressado a sua esperança no reatamento das relações entre o Vaticano e a China, interrompidas desde a Revolução Cultural e a subida ao poder de Mao Tsé-Tung. Desde o início deste pontificado registaram-se vários sinais de aproximação e de expressão de mútua boa vontade. A China exige que o Vaticano deixe de reconhecer Taiwan como país independente (obtendo aparentemente o consentimento do Vaticano, neste ponto) e que o Vaticano aceite também a nomeação dos bispos chineses por parte da APC, controlada pelo Estado. Nesta questão, contudo, a posição da Santa Sé tem-se mantido inalterável. Antes dos acontecimentos de 2006, as últimas ordenações sem o aval do Papa tinham acontecido em 2000, com 5 novos Bispos da APC, e levaram a um congelamento das negociações entre a China e a Santa Sé para o restabelecimento de relações diplomáticas. Nos últimos anos Pequim e o Vaticano tinham um acordo de cavalheiros, que dava ao Papa a última palavra sobre qualquer candidato à ordenação episcopal e que foi quebrado de forma clara. Embora o Partido Comunista Chinês se declare oficialmente ateu, a Constituição chinesa permite a existência de cinco Igrejas oficiais (Associações Patrióticas), entre elas a Católica, que tem 5,2 milhões de fiéis. Segundo fontes do Vaticano, a Igreja Católica “clandestina”, ligada ao Papa e fora do controlo de Pequim, conta mais de 8 milhões de fiéis.

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