Síria: Vaticano aprova sanções internacionais contra regime de Damasco

Observador da Santa Sé na ONU quer «participação justa de todas as forças do país», com vista à «reconstrução» e «convivência serena e pacífica»

Lisboa, 03 dez 2011 (Ecclesia) – O Vaticano concorda com as sanções que vários países e organizações impuseram à Síria, na sequência dos confrontos que, segundo as agências, têm provocado milhares de mortos entre os oponentes ao regime de Damasco.

“A comunidade internacional tem a responsabilidade não só de agir com sanções – como de facto aconteceu – mas também ter em consideração as exigências de todas as pessoas, sejam as minorias sejam os detentores do poder”, afirmou à Rádio Vaticano o observador permanente da Santa Sé na delegação da ONU em Genebra.

O arcebispo italiano D. Silvano Maria Tomasi, que participou esta sexta-feira na sessão de emergência do Conselho de Direitos Humanos realizado na cidade suíça, sublinhou que é preciso garantir, após a crise, “uma participação justa de todas as forças do país, com vista à reconstrução e à possibilidade de convivência serena e pacífica”.

A decisão tomada pelo Conselho de “votar uma resolução que empenhe de alguma forma a comunidade internacional a fazer o possível para que os direitos humanos sejam respeitados é um sinal de vontade política de ajudar e de fazer com que a situação na Síria se estabilize”, afirmou o responsável, adiantando que a deliberação foi tomada com 37 votos a favor e quatro contra.

Depois de reiterar que “a violência não traz bem a ninguém”, o prelado salientou a necessidade de diálogo para que “os direitos legítimos dos indivíduos e das comunidades minoritárias que de facto constituem a Síria possam ser respeitados e se abra a porta a uma participação mais larga das várias comunidades na gestão do país”.

“A sociedade tem direito a participar na vida pública e ver respeitados os seus direitos fundamentais”, vincou D. Tomasi, no dia em que a Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, defendeu que a Síria deve ser submetida ao Tribunal Penal Internacional, com sede em Haia, por violar os direitos humanos.

Se a “repressão impiedosa” não for interrompida pode ocorrer uma “guerra civil generalizada”, sustentou a responsável, que falou em mais de 300 crianças mortas e 14 mil detidos na sequência dos protestos contra Bashar al-Assad, acusado de ordenar às forças policiais que atirem a matar contra os manifestantes.

A Síria considerou hoje “injusta” e “com motivações políticas” a resolução do Conselho da ONU que condenou as “violações generalizadas, sistemáticas e flagrantes” dos direitos humanos, considerando que “foi preparada antecipadamente pelas partes hostis” ao país, refere um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros sírio.

“O relatório apresentado pela comissão de inquérito tem motivos políticos e baseia-se em informações falsas divulgadas fora da Síria e por meios de comunicação desonestos, ignorando as informações apresentadas por Damasco”, indica a nota.

Na quinta-feira a União Europeia impôs sanções contra três empresas de petróleo sírias, incluindo a estatal Sytrol, como forma de elevar a pressão sobre o regime sírio.

RJM (com agências)

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Agência ECCLESIA

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