Síria: Vaticano adia envio de delegação a Damasco

Secretário de Estado justifica decisão com a «gravidade» da situação no terreno

Cidade do Vaticano, 23 out 2012 (Ecclesia) – O secretário de Estado do Vaticano anunciou hoje que a viagem de uma delegação da Santa Sé e do Sínodo dos Bispos a Damasco foi adiada devido ao agravamento da violência na região.

“A visita vai ser adiada, dada a gravidade da situação, provavelmente para depois da conclusão do Sínodo [próximo domingo, ndr] e a composição da delegação vai ser modificada, devido aos compromissos dos seus membros”, disse esta manhã o cardeal Tarcisio Bertone, no Vaticano.

O responsável tinha revelado, na última terça-feira, a decisão de Bento XVI enviar um grupo de participantes na assembleia sinodal e de diplomatas da Santa Sé à Síria, durante esta semana, para manifestar a “solidariedade” do Papa e dos bispos católicos de todo o mundo.

Esta manhã, falando aos participantes do Sínodo que decorre no Vaticano, o secretário de Estado recordou a “trágica situação de sofrimento da população” síria, destacando o “amplo eco” que teve o anúncio da intenção de enviar uma delegação ao país.

“Continuamos a estudar a questão e a preparar a visita, apesar dos trágicos acontecimentos ocorridos há poucos dias, na região”, acrescentou o cardeal italiano, citado em comunicado do Serviço de Informação do Vaticano (VIS) enviado à Agência ECCLESIA.

A delegação vai deslocar-se a Damasco “em tempos e modalidades que vão ser anunciadas, após serem definidas à luz dos contactos e preparativos que se estão a realizar”.

Esta segunda-feira, o porta-voz do Vaticano tinha reafirmado a intenção de enviar à Síria uma delegação com representantes da Santa Sé, apesar do clima de violência.

“A anunciada missão na Síria de representantes da Santa Sé e do Sínodo dos Bispos continua a estar em estudo e preparação, a fim de levá-la por diante o mais depressa possível”, adiantava o padre Federico Lombardi, em comunicado publicado na página do Vaticano na internet.

A nota oficial aludia aos “gravíssimos acontecimentos que tiveram lugar recentemente na região”, numa referência indireta aos atentados de sexta-feira no vizinho Líbano, mas mantém o objetivo de enviar uma representação a Damasco para “responder eficazmente às finalidades propostas de solidariedade, paz e reconciliação”.

Esta delegação deveria incluir cinco participantes no Sínodo dos Bispos 2012, entre eles os cardeais Laurent Mosengwo Pasinya, arcebispo de Kinshasa, República Democrática do Congo; Jean-Louis Tauran, presidente do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso, Santa Sé; Timothy Dolan, arcebispo de Nova Iorque, Estados Unidos da América.

O conflito que opõe o regime do presidente al-Bashar aos seus opositores arrasta-se há mais de ano e meio, tendo provocado milhares de vítimas e refugiados.

OC

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