Síria: «Estamos numa espécie de pausa, por proteção, por impotência», diz jesuíta português em Damasco

Padre Gonçalo Castro Fonseca está em missão junto de refugiados, perto de Ghouta

Damasco, 02 fev 2018 (Ecclesia) – O padre Jesuíta Gonçalo Castro Fonseca está a trabalhar com o Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS) em Damasco, na Síria, e fala numa “espécie de pausa”, “por proteção” e “impotência”, apenas quebrada pelas emergências a que conseguem responder.

“Como tantos, também nós aguardamos impotentes um desfecho, sem vislumbrar qual ou quando”, escreve, em testemunho publicado no novo portal ‘Ponto SJ’.

O padre Gonçalo Castro Fonseca refere que assiste ao que vai acontecendo na Síria “no noticiário mas mais perto, muito perto”.

“Conheço as ruas, conheço e amo os que sofrem, sei os seus nomes e tenho as suas vidas no meu abraço”, testemunha.

Atualmente, o Serviço Jesuíta aos Refugiados tem um projeto de educação e de apoio psicológico, mas desde que começou a guerra entre o presidente sírio, Bashar al-Assad, e as forças da oposição “foi abrindo, suportando (e fechando) vários projetos”.

“Num oceano imenso de necessidades é uma pequena gota, mas que sacia a muitos na sua sede de esperança e fortalece os seus sonhos de paz”, observa.

Quando partiu para a Síria, o padre Gonçalo Castro Fonseca sabia que “não iria ser fácil, a começar pela língua” e, desde então, tem “atravessado várias portas” e encontra-se “em amizade com tantos” que o acolhem em suas casas e nas suas vidas.

Nestes encontros estão também as crianças que acolhem diariamente, “a quem foi roubada a infância” e que com os sacerdotes Jesuítas e voluntários do JRS “ganham memórias de beleza e de alegria”.

Muitos têm nesse apoio a única refeição do dia e, de vez em quando, uma guloseima “à qual respondem com sorrisos que adoçam os dias”.

Ao longo dos anos da guerra síria, contextualiza, o Serviço Jesuíta aos Refugiados tem dado respostas a situações de emergência, como “alimentação e cuidados de saúde”, a projetos mais “socioeducativos e de apoio psicológico a crianças e famílias”.

No sítio online ‘Ponto SJ’, o padre Gonçalo Castro Fonseca explica ainda que viver com dificuldades, “num país de escassezes”, tem ajudado “a redefinir uma vida em pobreza” e o sentido de pertença à Igreja “tem ganho novos contornos”.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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