Síria: Arcebispo evoca Natal dos refugiados diante do presépio

Violência na região ensombra celebração do nascimento de Jesus

Lisboa, 23 dez 2013 (Eclesia) – O arcebispo Maronita de Damasco, na Síria, revela na sua mensagem de Natal que na região “não faltam companheiros ao Menino Jesus” e compara este nascimento de há dois mil anos com a realidade atual de guerra contínua.

“Jesus já não está só na miséria. A infância síria abandonada e marcada pelos cenários de violência deseja estar no lugar de Jesus, que está sempre acompanhado pelos seus pais, que se preocupam com Ele e O acarinham”, assinala D. Samir Nassar.

Segundo o prelado, este “sentimento de amargura” é visível nos olhos das crianças, nas suas lágrimas e no seu silêncio: “Alguns invejam o Deus Menino porque encontrou essa manjedoura para nascer e abrigar-Se, ao passo que algumas infelizes crianças sírias nascem entre bombas ou a caminho do êxodo”.

Na mensagem de Natal a que chamou ‘os refugiados diante do presépio’, divulgada pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, o prelado também compara a realidade de Maria e José com a das mães e dos pais que na Síria vivem, sentem, estão em dificuldades com muitas famílias separadas.

“Há mais mães infelizes que vivem na extrema pobreza e assumem as responsabilidades sem os maridos. A presença tranquilizadora de José junto da Sagrada Família torna-se fonte de inveja para estes milhares de famílias privadas de um pai, o que provoca o medo, a angústia e a inquietação”, explica.

Para o arcebispo Maronita “a precariedade do presépio de Belém traz uma consolação a essas mães esmagadas pelos problemas insolúveis e o desespero”.

“Os desempregados invejam José carpinteiro porque poupa a sua família às necessidades”, assinala ainda D. Samir Nassar sobre a realidade de um país que vive em guerra civil há mais de dois anos.

“O ruído infernal da guerra sufoca a Glória dos anjos. Esta sinfonia do Natal pela paz cede perante o ódio, a divisão e a cruel atrocidade”, desenvolve.

Num país onde a tradição da pastorícia é ancestral e era uma fonte de rendimento, o arcebispo não esquece esta realidade na sua mensagem e acrescenta que “os pastores sírios perderam 70% dos seus rebanhos nesta guerra”.

“A vida nómada nesta terra bíblica que remonta a Abraão e a muito antes dele, desaparece brutalmente com os seus velhos costumes de hospitalidade e a sua cultura tradicional”, prossegue.

“Paz, perdão e reconciliação” são as ofertas que o responsável religioso deseja para a Síria neste Natal, fazendo alusão aos três reis magos que visitaram Jesus no presépio.

D. Samir Nassar, arcebispo Maronita de Damasco, esteve em Portugal entre os dias 29 de novembro e 2 de dezembro para falar, em Lisboa e em Fátima, de situações de conflito e de perseguição aos cristãos na Síria, por iniciativa da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre.

O bispo caldeu D. Antoine Audo revelou à Agência Fides, do Vaticano, que não haverá missa do Galo à noite “por razões de segurança”; pelo que a celebração litúrgica terá lugar no período da tarde.

CB/OC

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