Com a invasão, povo teme «voltar de novo aos tempos da guerra», afirma a irmã Maria Lúcia Ferreira
Lisboa, 05 dez 2024 (Ecclesia) – A conquista de Alepo (Síria) por grupos jihadistas, no final da semana passada, está a levar à fuga da população e “há muita gente nas estradas”, descreve à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (FAIS) a irmã Maria Lúcia Ferreira.
A religiosa portuguesa, que vive num mosteiro em Qara, diz que o ataque veio desmoralizar bastante a população que teme agora “voltar de novo aos tempos da guerra”.
Também a irmã Annie Demerjian, que está em Damasco, fala numa situação “muito triste” e pede ajuda e orações.
A religiosa portuguesa descreveu para a Fundação AIS o ambiente que se vive no país onde “a angústia e o cansaço das populações está presente em quase todos os rostos”.
A situação na região de Alepo permanece “incerta, havendo relatos de que as forças governamentais se preparam para tentar desalojar os grupos armados desta que é a segunda maior cidade síria”.
O medo de uma escalada militar está a levar à fuga das populações.
“Nestes últimos dias há muita gente, muita gente nas estradas a sair de Alepo”, garante a religiosa portuguesa que é conhecida apenas como Irmã Myri.
Também a Irmã Annie Demerjian, que pertence à Congregação de Jesus e Maria, e que é parceira de projetos da Fundação AIS na Síria desde há vários anos, acompanha “com preocupação” o que se passa em Alepo, cidade que “conhece bem e onde tem desenvolvido um trabalho notável de ajuda às populações mais carenciadas”, lê-se numa nota enviada à Agência ECCLESIA.
“Nós estamos em Damasco, todas as irmãs. Não porque tenhamos fugido recentemente. Nós saímos antes [da conquista de Alepo], mas ainda temos lá um grupo de voluntários a dar assistência aos idosos”, afirmou.
A tomada da cidade de Alepo está a ter consequências também ao nível económico em todo o país, exemplo disso é o aumento exponencial do custo de vida.
Os preços, explica a Irmã Myri, “subiram 50 por cento nestes dias” e tudo isto “está a levar a um enorme cansaço das populações”.
Neste contexto, as famílias lutam como podem para a sobrevivência no dia-a-dia, mas é tudo “muito difícil e as pessoas estão fatigadas”.
Neste contexto de “enorme incerteza e medo”, a Fundação AIS lançou um apelo urgente aos seus benfeitores e amigos em Portugal e em todo o mundo para rezarem pela paz e para ajudarem a comunidade cristã que reside na região de Alepo.
São cerca de 25 mil cristãos e estão agora como que encurralados na cidade que se poderá transformar num feroz campo de batalha. “A situação é mesmo crítica”, explica Catarina Bettencourt, diretora do secretariado nacional da FAIS.
LFS