Em 2011, o número chegava aos 300 mil, refere o padre Hugo Alaniz, que está em Portugal para participar na «red week» promovida pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre

Lisboa, 28 nov 2025 (Ecclesia) – O padre Hugo Alaniz, pároco em Alepo, na Síria, disse em declarações à Agência ECCLESIA que o número de cristãos “diminuiu muito” e a situação económica do país “está pior do que nos tempos da guerra”.
“O novo presidente está a fazer tentativas com outros governos, especialmente do Ocidente, mas também com a Arábia Saudita, Catar, e, claro, isso criaria postos de trabalho no futuro. Neste momento, a situação está pior do que nos tempos da guerra”, afirmou o pároco de Alepo, a segunda cidade do país e com maior número de habitantes.
Segundo o padre Hugo Alaniz, “o país economicamente está arruinado”, “há muito medo ainda de investir”, nomeadamente por parte de países estrangeiros, e a “vida é muito cara”.
“Durante o governo de Bashar al-Assad, durante a guerra, havia um bloqueio económico à Síria imposto pelos países do primeiro mundo: não havia maquinaria, não havia novos veículos, não havia medicamentos de fora, por causa do bloqueio económico. Agora já deixaram de entrar maquinarias e veículos, mas a gente não tem dinheiro”, afirmou.
De acordo com o pároco de Alepo, a economia do país está muito enfraquecida, com uma inflação a rondar os 16 mil por cento e desemprego a crescer, que deixa as famílias numa “vida de miséria”.
“Segundo os dados da ONU, 92% da população estava abaixo do nível de pobreza, e desse número, quase um 70% em situação de miséria. Agora, com este novo governo deste último ano, acreditamos que a situação poderá melhorar”, afirmou.
Uma família não tem rendimentos para viver dignamente. Para que uma família de quatro pessoas não seja pobre, precisa de, mais ou menos, 350 a 400 euros por mês, para não ser pobre. Mas o salário de uma pessoa, por mês, não chega a 50 euros”
Marcada por regime totalitários e a repressão de Bashar al-Assad, entre 2000 e 2024, que caiu após uma guerra civil de uma década e meia que fez 500 mil mortos, a Síria é liderada por um governo de transição de cinco anos, que resulta de diferentes representantes de religiões e etnias.

O padre Hugo Alaniz, do Instituto do Verbo Encarnado, é missionário na Síria nos últimos 8 anos, depois ter estado no Egito e na Jordânia, e sublinha o agravamento da situação no país após 15 anos de guerra, o terramoto e a invasão de grupos rebeldes, o que não impede o dinamismo da Igreja Católica na região, apesar da diminuição do número de cristãos
“Em Alepo, onde vivemos, antes da guerra, em 2011, havia 300 mil cristãos, agora a comunidade cristã reduz-se a 25 mil”, afirma o padre Hugo Alaniz, referindo-se a católicos, ortodoxos, evangélicos e protestantes.
De acordo com estimativas da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, os cristãos na Síria seriam cerca de 2,1 milhões, em 2011, e, 2024, apenas 540 mil.
“Há uma situação muito triste, a que se viveu, mas, ao mesmo tempo, damos graças a Deus, pela presença da Igreja, que alenta estas famílias, e, no possível, tratamos de ajudá-las a subsistir nestas terras dos primeiros cristãos”, afirma o sacerdote.
O padre Hugo Alaniz está em Portugal a convite da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre que, durante esta semana, promove a “Red Week” com o objetivo de alertar para situações de perseguição por motivos religiosos, nomeadamente através da iluminação de vermelho de diferentes monumentos.
O pároco de Alepo agradeceu o apoio de instituições como a Ajuda à Igreja que Sofre, tanto durante os anos da guerra como atualmente, que fez chegar o auxílio aos cristãos de diferentes ritos no país, ajudando nomeadamente ao Refeitório Comunitário para Anciãos, na paróquia de Alepo.
HM/PR
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Red Week em Portugal com a presença do padre Hugo Alaniz 19 DE NOVEMBRO
21 DE NOVEMBRO 23 DE NOVEMBRO DIOCESE DE SETÚBAL – SANTUÁRIO DE CRISTO REI |
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Perseguição religiosa: realidade global De acordo com as estimativas do último Relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo da Fundação AIS, 413 milhões de cristãos vivem em países onde a liberdade religiosa é gravemente restringida; destes, aproximadamente 220 milhões vivem diretamente expostos à perseguição. Esta perseguição assume muitas formas e varia consoante a região, mas os números totais oferecem uma visão ilustrativa da magnitude do problema: os cristãos estão expostos à perseguição ou discriminação em 32 países. Foram registadas agressões físicas ou verbais por motivos religiosos em 73 países, e em 57 deles os cristãos são vítimas de violência física ou detenções devido à sua fé. Em 33 países, os cristãos são obrigados a fugir, tornando-se deslocados no seu próprio país ou refugiados no estrangeiro devido à perseguição religiosa. O vermelho, que simboliza o sangue dos mártires, servirá como um lembrete visual do sofrimento que milhões de pessoas enfrentam por causa da sua fé. A Fundação AIS convida todas as paróquias, escolas e comunidades a unirem-se a este gesto de solidariedade internacional, iluminando as suas igrejas de vermelho, organizando momentos de oração e partilhando uma mensagem durante a Semana Vermelha 2025 nas redes sociais com os hashtags #RedWeek2025 e #RedWednesday2025. |
