“Regra pastoral” que o Papa apresenta aos 4695 bispos da Igreja A exortação apostólica pós-sindoal “Pastores Gregis”, assinada hoje por João Paulo II, é fruto da X Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, em 2001, que teve como tema “O bispo ministro do Evangelho de Jesus Cristo para a esperança do mundo”. Este documento é apresentado pela Santa Sé como “regra pastoral” que o Papa apresenta aos 4695 bispos da Igreja. 1. O Bispo anunciador da Esperança (nn. 4-5) O Bispos, diz João Paulo II, devem ser “profetas, testemunhas e servidores da esperança”. O texto agora apresentado chama a atenção para acontecimentos como os do 11 de Setembro de 2001 e os conflitos que se lhes seguiram, para reafirmar a convicção de que “diante do falhanço das esperanças humanas fundadas em ideologias materialistas, imanentistas e economicistas” o futuro da humanidade só pode ser assegurado à luz de uma profunda Fé. “Os bispos devem construir estradas de salvação e reconciliação”, sublinha o Papa. 2. Os fundamentos do ministério episcopal (n. 7) A figura do bispo é apresentada, de um ponto de vista teológico, em ligação a Cristo, ao Evangelho e à Igreja. Nesse sentido, o Papa destaca a imagem evangélica do “Bom Pastor” que se deve manifestar no amor, conhecimento do rebanho, atenção a todos e acção misericordiosa que João Paulo II sublinhou hoje no discurso em que apresentou a exortação. 3. A dimensão colegial do Episcopado (nn. 18-26; 55-56) João Paulo II procura neste documento superar uma visão “individualistíca” do que é ser bispo, destacando que o chefe de cada diocese tem de estar sempre em comunhão com os outros bispos e, sobretudo, com o “Sucessor de Pedro”, o Papa. Um conjunto de instituições, entre as quais se destacam as Conferências Episcopais, são desprovidas de qualquer poder “efectivo”, relegando o conjunto de acções por elas efectuadas a um plano de “afectividade” quando não há ligação directa ao Papa. 4. A formação do bispo (nn.11-25) O Papa adverte duramente os bispos para que não se limitem a “um papel meramente organizativo ou burocrático” na sua Diocese, pedindo-lhes que sejam capazes de assumir “a autoridade moral de que o exercício de qualquer autoridade jurídica tem necessidade para ser eficaz. Os princípios da espiritualidade episcopal enunciadas por João Paulo II passam, depois, pela “caridade pastoral, eclesialidade, espírito de serviço e força de espírito, abertura a todos e um estilo de vida pobre e humilde”. 5. Ensinar, santifica e governa (nn. 26-54) As tradicionais funções do bispo são aqui retomadas, sublinhando-se a sua figura enquanto garante da autenticidade da vida eclesial na sua Diocese, seja no campo da moral como no campo da celebração litúrgica. O texto dedica vários parágrafos à questão do “governo episcopal”, exigindo aos bispos um “espírito de serviço” e “capacidade de relacionamento e cooperação”. Nesse sentido, definindo a paróquia como “núcleo fundamental da vida quotidiana da Diocese”, recomenda-se aos bispos o exercício das chamadas “visitas pastorais” como forma de promover um trabalho mais aturado nos campos da família, juventude e pastoral vocacional. 6. Os desafios actuais (nn. 66-72) O Papa pede a todos os bispos a coragem de denunciar “as falsas antropologias e ideologias, discernindo e proclamando a verdade”. No âmbito desta acção, enquanto construtor da justiça e da paz, João Paulo II destaca a necessidade de “promover o diálogo entre as religiões”. Entre os desafios enunciados estão a globalização – vista de um ponto de vista positivo, a “globalização da caridade” -, a ecologia, a saúde e a imigração.