Sínodo: Vaticano quer consulta alargada sobre principais questões ligadas à família e ao casamento

Documento preparatório e questionário destacam contexto de crise «social e espiritual»

Cidade do Vaticano, 05 nov 2013 (Ecclesia) – O secretário geral do Sínodo dos Bispos, D. Lorenzo Baldisseri, disse hoje no Vaticano que a Santa Sé quer promover uma consulta alargada às comunidades católicos sobre as principais questões ligadas à família e ao casamento.

“Para levar por diante o processo de consulta foi dirigido um convite às dioceses para que difundam capilarmente o documento [preparatório] nos decanatos [divisões eclesiásticas das Igrejas de tradição oriental] e nas paróquias”, declarou o responsável, na conferência de imprensa sobre a preparação do Sínodo de 2014, que vai ser dedicado aos ‘desafios pastorais da família no contexto da evangelização’.

O documento de preparação, divulgado hoje, é acompanhado por um questionário sobre os “principais desafios da família”, prosseguiu o responsável.

A Secretaria Geral do Sínodo pediu que as respostas ao inquérito sejam enviadas à Santa Sé até ao final de janeiro de 2014, altura em que serão analisadas a fim de se elaborar o “instrumento de trabalho” da 3ª assembleia sinodal extraordinária.

D. Lorenzo Baldisseri destacou que a “crise social e espiritual” do mundo atual tem impacto sobre as famílias e provoca uma “verdadeira urgência pastoral”.

No encontro com os jornalistas, o relator geral do próximo Sínodo extraordinário dos Bispos, cardeal Péter Erdo, aludiu aos desafios levantados pelo “individualismo” que colocam em causa “a solidariedade entre as gerações”.

“A família surge como instituição fundamental da sociedade humana, ligada com a própria ordem da criação”, declarou o arcebispo de Budapeste (Hungria) e presidente do Conselho das Conferências Episcopais da Europa.

Segundo este responsável, não se pode “recusar” o matrimónio na Igreja, por causa de “pouca religiosidade” ou falta de “fé religiosa”, aos noivos católicos que o desejem celebrar.

O relator geral destacou o aumento dos casais que vivem sem matrimónio religioso ou civil, explicando ainda que as questões colocadas no final do documento de preparação do Sínodo de 2014 procuram “abrir o horizonte para o reconhecimento do facto de que a família é um verdadeiro dom do Criador à humanidade”.

Em causa estão temas como os divorciados que se voltaram a casar, as situações matrimoniais “difíceis” ou as uniões entre pessoas do mesmo sexo.

D. Bruno Forte, arcebispo de Chieti-Vasto (Itália), secretário especial da próxima assembleia sinodal, destacou por sua vez a intenção manifestada pelo Papa Francisco de “valorizar a colegialidade episcopal”, visível na participação pessoal nos trabalhos do último conselho ordinário do Sínodo, a 7 e 8 de outubro.

Para o prelado, o Papa quer promover uma “escuta ampla e profunda da vida da Igreja”, para chegar junto das “famílias laceradas e de quantos vivem em situações irregulares, do ponto de vista moral e canónico”, com “atenção, acolhimento e misericórdia”.

O Sínodo dos Bispos pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia consultiva de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.

A assembleia extraordinária que vai decorrer entre 5 e 19 de outubro de 2014 vai ser seguida por uma assembleia ordinária em 2015, a fim de “procurar linhas de ação para a pastoral da pessoa humana e da família”.

OC

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