«Pistas» para a fase de implementação apontam vários passos para «conversão da cultura, das relações e das práticas eclesiais»

Cidade do Vaticano, 30 jun 2025 (Ecclesia) – O Vaticano publicou hoje um documento com “pistas para a fase de implementação” do Sínodo nas comunidades católicas, que sublinham a necessidade de “experimentar” e transformar práticas eclesiais.
“A fase de implementação tem como objetivo experimentar práticas e estruturas renovadas, que tornem a vida da Igreja cada vez mais sinodal, a partir da perspetiva geral traçada pelo documento final”, assinala o texto, divulgado pela Secretaria-Geral do organismo.
A mais recente Assembleia Geral do Sínodo, cuja segunda sessão decorreu de 2 a 27 de outubro de 2024, teve como tema ‘Por uma Igreja sinodal: participação, comunhão, missão’; o processo começou com a auscultação de milhões de pessoas, pelas comunidades católicas, em 2021, e a primeira sessão sinodal decorreu em outubro de 2023.
Francisco promulgou o documento final e enviou-o às comunidades católicas, sem publicação de exortação pós-sinodal, uma possibilidade prevista na constituição apostólica ‘Episcopalis communio’ (2018), tendo ainda convocado uma inédita Assembleia Eclesial, para 2028.
O Vaticano precisa que a atual “fase de implementação” visa “discernir os passos de conversão da cultura, das relações e das práticas eclesiais e, consequentemente, da reforma das estruturas e instituições”.
“Trata-se de um ponto crucial de todo o processo”, insiste o documento, que conta com uma introdução do cardeal Mario Grech, secretário-geral do Sínodo dos Bispos.
As pistas elencam 11 “domínios específicos” em que as várias comunidades são chamadas a partilhar os passos dados na implementação do processo, como “a promoção da espiritualidade sinodal” e o “acesso efetivo a funções de responsabilidade e a papéis de liderança que não exigem o sacramento da Ordem por parte de mulheres e homens não ordenados”.
O organismo da Santa Sé insiste na importância da “experimentação de formas de serviço e ministério que respondam às necessidades pastorais nos diferentes contextos” e à “prática do discernimento eclesial”, com mudanças nos processos de decisão e nas práticas de “transparência, prestação de contas e avaliação”.
O novo documento recorda a “obrigatoriedade” dos organismos de participação nas dioceses e nas paróquias, apontando à “realização regular de assembleias eclesiais locais e regionais” e à “renovação sinodal missionária das paróquias”.
A forma sinodal da Igreja está ao serviço da sua missão e qualquer mudança na vida da Igreja tem como objetivo torná-la mais capaz de anunciar o Reino de Deus e testemunhar o Evangelho do Senhor aos homens e mulheres do nosso tempo.”
Até à inédita Assembleia Eclesial de outubro de 2028, no Vaticano, vai decorrer um ciclo de iniciativas que prevê, até dezembro de 2026, “percursos de implementação nas Igrejas locais e nos seus agrupamentos”.
No primeiro semestre de 2027 devem acontecer “assembleias de avaliação nas dioceses”, a que se seguem, no segundo semestre, “assembleias de avaliação nas Conferências Episcopais nacionais e internacionais”.
Para o primeiro quadrimestre de 2028 vão ser marcadas “assembleias continentais de avaliação”.
“Todas as Igrejas são convidadas a continuar a busca de instrumentos de escuta adequados à ampla variedade de contextos em que a comunidade cristã vive e atua, sem se limitar apenas ao âmbito das paróquias, como em alguns casos aconteceu durante a fase de escuta, mas envolvendo também escolas e universidades, centros de escuta e acolhimento, hospitais e prisões, o ambiente digital”, indica a Secretaria-Geral do Sínodo.
As “pistas para a fase de implementação” destacam o papel das equipas sinodais, assinalando que, “com uma composição adequadamente variada poderão mais facilmente tornar-se laboratórios de sinodalidade”.
O documento propõe processos de discernimento eclesial para “identificar formas e procedimentos de governação adequados a uma Igreja sinodal”, bem como a valorização de “experiências de escuta e diálogo nas comunidades”.
As pistas destinam-se, em primeiro lugar, aos bispos diocesanos e equipas sinodais, oferecendo critérios para que a implementação a nível local esteja em harmonia com a de toda a Igreja.
OC