Sínodo: Segunda fase do processo quer chegar «aos que ainda não foram escutados» – irmã Nathalie Becquart

Subsecretária geral do Sínodo dos Bispos afirma que reflexão sobre reforma da Cúria, a partir da nova constituição «Praedicate Evangelium», lança desafios às Igrejas locais

Fátima, 01 set 2022 (Ecclesia) – A irmã Nathalie Becquart, subsecretária geral do Sínodo dos Bispos, disse que a segunda fase do processo sinodal vai continuar a “chegar aos que estão nas margens” e que ainda não foram escutados.

“Trata-se de um processo em curso e esperamos que cada vez mais pessoas se envolvam, porque é verdade que nem todos estão envolvidos. É uma chamada, em especial para os que estão nas margens, para os jovens – um público difícil de chegar e contactar – para as pessoas periferias. Esta nova fase quer chegar e ouvir os que ainda não foram escutados”, afirmou à Agência ECCLESIA a religiosa Instituto La Xavière, Missionários de Jesus Cristo.

A irmã Nathalie Becquart esteve em Portugal a participar no Simpósio do Clero, com o tema «A Identidade relacional e ministério sinodal do presbítero», que hoje termina em Fátima, onde refletiu sobre «O ministério sinodal do padre» e sobre «A relação do ministério sacerdotal com outros estados de vida».

A primeira fase do processo sinodal, lançado pelo Papa Francisco, em ordem ao encontro do Sínodo dos Bispos, em 2023, terminou agora, com o envio das sínteses nacionais das Conferências Episcopais para a secretaria do Sínodo.

A subsecretária geral regista terem recebido sínteses de “todas as conferências episcopais”, estando ainda a chegar as sínteses das Igrejas orientais, numa “consulta de um alcance enorme”.

“O processo sinodal trouxe alegria em muitos locais e as pessoas querem continuar este processo e estilo. Todos os que participaram do processo sinodal, durante a consulta, em especial pela metodologia proposta – orientada pela oração, escuta e diálogo, conversão espiritual colocando Deus no centro – expressaram uma gratidão e alegria que querem continuar”, destacou a responsável.

A irmã Nathalie Becquart afirma que o processo continental, que agora tem início correspondendo à segunda fase do processo, vai “aprofundar a escutar e o diálogo”, a partir de todas as sínteses recebidas, “um documento para a fase continental, que será um documento para os encontros continentais”.

“Este documento, antes de ser instrumento dos encontros continentais, tem de ser recebido e discutido em todas as Igrejas locais”, valoriza.

A responsável salienta que, ainda que se as Igrejas têm um ponto de partida “diferente”, o processo tem te continuar, pois, com um carater “global, o sínodo é implementado e experimentado com diferenças locais”.

Aos participantes no Simpósio, a religiosa frisou a centralidade do ministério sacerdotal no caminho sinodal, mas advertiu para as mudanças em curso, de uma “Igreja hierarquizada” com formas “muito pessoais de exercer a autoridade”, para recuperar “o estilo da Igreja dos primeiros tempos, onde o governo era coletivo”.

“A sinodalidade é uma dimensão constitutiva da Igreja e durante muitos séculos, foi o estilo da Igreja dos primeiros tempos, com um governo coletivo. Depois, e por várias razões históricas, uma visão hierárquica da Igreja foi enfatizada, mas a sinodalidade é um fruto do II Concilio do vaticano, e a sua receção não está terminada. Agora redescobrimos a noção de que todos os batizados são chamados a ser protagonistas da missão pelo Espirito Santo e que todos juntos temos de empreender a missão como protagonistas”, recordou.

Esta mudança requer “fomento de diálogo e relações”: “A diversidade nem sempre é fácil mas temos de aprofundar o diálogo e perceber que será juntos que precisamos de trabalhar em missão”.

A irmã Nathalie Becquart recordou ainda que a reflexão em curso no Vaticano, a partir da nova constituição da Cúria Romana, «Praedicate Evangelium», e do reconhecimento de novos ministérios na Igreja, lança desafios às Igrejas locais, para o envolvimento de leigos no governo.

“Já temos leigos a dirigir um dicastério – o jornalista Paolo Ruffini foi nomeado, em 2018, prefeito do Dicastério para a Comunicação, por exemplo. Penso que, não só pela nova constituição mas também pelo facto de o Papa Francisco ter instituído novos ministérios – catequista, leitor e acólito – para todos, há a ideia de que o governo na Cúria Romana, pode ser desconectado dos ministérios ordenados. A palavra-chave da nova constituição é sinodalidade”, reforçou.

LS

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Agência ECCLESIA

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