Sínodo: Problemáticas «inéditas» sobre a família

Documento preparatório lança reflexão que vai prolongar-se até 2015, com duas assembleias consultivas de bispos

Cidade do Vaticano, 05 nov 2013 (Ecclesia) – O Vaticano divulgou hoje o documento preparatório do próximo Sínodo dos Bispos, que vai decorrer em outubro de 2014, destacando as problemáticas “inéditas” sobre a família e o casamento que a Igreja tem de enfrentar.

“Hoje perfilam-se problemáticas até há poucos anos inéditas, desde a difusão dos casais de facto, que não acedem ao matrimónio e às vezes excluem esta própria ideia, até às uniões entre pessoas do mesmo sexo, às quais não raramente é permitida a adoção de filhos”, destaca o texto, apresentado em seis línguas, incluindo o português.

O Vaticano promoveu hoje uma conferência de imprensa sobre a “preparação” do próximo Sínodo dos Bispos, convocado pelo Papa para debater, entre 5 e 19 de outubro do próximo ano, os “desafios pastorais da família no contexto da evangelização”.

O documento preparatório refere que muitos adolescentes e jovens, “nascidos de matrimónios irregulares”, poderão “nunca ver os seus pais aproximar-se dos sacramentos”, para justificar a urgência dos “desafios apresentados à evangelização pela situação atual”.

“Na época em que vivemos, a evidente crise social e espiritual torna-se um desafio pastoral, que interpela a missão evangelizadora da Igreja para a família, núcleo vital da sociedade e da comunidade eclesial”, destaca o texto.

Este documento vai ser debatido por organismos episcopais e diversas instituições eclesiais, os quais podem enviar as suas propostas à Santa Sé.

O texto preparatório adianta que o Sínodo dos Bispos sobre a família vai ter duas etapas: a primeira, a Assembleia Geral Extraordinária de 2014, destinada a especificar o ‘status quaestionis’ (o estado da questão); a segunda, a Assembleia Geral Ordinária de 2015, em ordem a procurar linhas de ação para a pastoral da pessoa e da família.

No documento sublinham-se os ensinamentos da Igreja Católica sobre o matrimónio como “vínculo sacramental indissolúvel” ligado ao “amor entre o homem e a mulher”, que “dura para sempre”, e à “procriação”.

O texto é acompanhado por um questionário com 38 perguntas que “permitem às Igrejas particulares” participar “ativamente” na preparação do Sínodo Extraordinário.

A Santa Sé pede que sejam identificados “culturais que impedem a plena aceitação do ensinamento da Igreja sobre a família” e a contraceção, questionando ainda a melhor forma de “promover uma mentalidade mais aberta à natalidade”.

O elenco alude a “situações matrimoniais difíceis”, como a convivência ‘ad experimentum’ (experimental), as “uniões livres de facto”, os “separados e os divorciados recasados”, para perguntar “como vivem os batizados a sua irregularidade”.

“Sentem-se marginalizados e vivem com sofrimento a impossibilidade de receber os sacramentos?”, pode ler-se.

O inquérito questiona ainda se a simplificação do processo de reconhecimento da “nulidade do vínculo matrimonial” poderia oferecer uma “contribuição positiva real para a solução das problemáticas das pessoas interessadas”.

Outras questões abordam o tema das “uniões de pessoas do mesmo sexo” e da “educação dos filhos no contexto das situações de matrimónios irregulares”.

O Sínodo dos Bispos pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia consultiva de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.

OC

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