Clero deve denunciar «decisiva e claramente» as violações dos direitos humanos, concluíram membros do grupo linguístico português
Realizou-se esta manhã, na presença de Bento XVI, a décima quinta assembleia do Sínodo para a África, durante a qual se apresentaram os relatórios dos “círculos menores” ou grupos linguísticos.
Esta tarde e amanhã, os padres sinodais reunir-se-ão em grupos linguísticos com o objectivo de preparar as propostas que serão submetidas ao secretariado-geral do Sínodo, para posterior apresentação ao Papa.
Resumo das intervenções desta manhã
O arcebispo Gabriel Mbilingi, coadjutor da diocese de Lubango (Angola) e presidente da Conferência Inter-regional de Bispos do Sul de África, enumerou algumas das sugestões do Círculo Menor Português: a Doutrina Social da Igreja deve ser explicitamente referida no anúncio da mensagem cristã e a catequese deve levar a uma opção pessoal por Cristo.
Por outro lado, é preciso recordar o papel da vida consagrada na missão da Igreja, valorizar a política como serviço à sociedade e ajudar os estadistas cristãos a assumir as suas responsabilidades de acordo com a sua fé.
O clero, por sua vez, é chamado a assumir a sua identidade como quem serve, e não como quem detém a autoridade, devendo igualmente denunciar as violações dos direitos humanos e prosseguir o caminho de reconciliação e purificação da memória dentro da Igreja, referiu D. Gabriel Mbilingi.
“Só uma pessoa reconciliada com Deus vive na paz e é capaz de transmitir a paz”, afirmou o representante de um dos grupos de trabalho em língua francesa, a propósito da importância do sacramento da Reconciliação a nível social e eclesial. Por isso, explicou o Pe. Edouard Tsimba, é necessário consagrar-lhe “todo o tempo e preparação necessárias”.
Na sua intervenção, o sacerdote evocou a influência que a vida e o martírio dos cristãos têm para a fé, referiu-se à “grande importância” do testemunho dos membros da Igreja para o apaziguamento social, lembrou que é necessário convocar a colaboração de toda a sociedade na construção da paz, e assinalou que “todos os cristãos (…) estão orgulhosos de sê-lo e de mostrá-lo nas suas vidas”.
O Superior Geral dos Missionários de África (Padres Brancos), P. Gèrard Chabanon, destacou “dois grandes temas”: a família e o diálogo entre cristãos e muçulmanos, que deve incluir “a liberdade de consciência e a reciprocidade do culto”.
O desenvolvimento de uma concepção multi-ministerial da Igreja que abarque todos os seus membros, com particular relevo para os leigos, foi um dos aspectos referidos pelo delegado do Círculo Menor anglo-francês, D. Jean Mbarga. O bispo de Ebolowa (Camarões) mencionou também o “desafio maior” do tribalismo na Igreja e afirmou que “a acção profética das Comissões de Justiça e Paz merece (…) uma maior consideração”.