Sínodo/Portugal: Participantes esperam aplicar «ingredientes» apreendidos nas Jornadas Pastorais da CEP na «receita de sinodalidade» de cada diocese

Diogo Jesus, da Diocese do Porto, e Rita Loureiro, da Diocese da Guarda, partilham testemunhos da experiência que durante três dias debateu processo sinodal em curso na Igreja Católica

Foto: Agência ECCLESIA

Fátima, 18 jun 2025 (Ecclesia) – Os participantes das Jornadas Pastorais da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), dedicadas ao processo sinodal, que terminaram hoje, esperam aplicar os contributos desta experiência de três dias nas realidades diocesanas.

“Aqui viemos buscar talvez alguns ingredientes que, tal como nas receitas existem, o quanto baste, e acho que isso pode ser aplicado na nossa receita da sinodalidade a cada diocese”, afirmou Diogo Jesus, da Diocese do Porto, em declarações aos jornalistas.

Desta forma, o jovem acredita que é possível realizar “um processo de escuta” e de “corresponsabilidade”, procurando congregar “todos os agentes pastorais neste trabalho de terreno, sobretudo na atribuição da responsabilidade e no trabalho de campo”.

A Casa de Nossa Senhora das Dores, em Fátima, acolheu de, segunda a quarta-feira, as Jornadas Pastorais do episcopado português com o tema “O processo sinodal nas Dioceses e na Conferência Episcopal Portuguesa (CEP)”, reunindo bispos, representantes das equipas sinodais das dioceses, dos serviços da CEP, dos movimentos e dos Institutos Religiosos e Seculares.

Diogo Jesus refere que a participação nesta experiência foi um desafio lançado pelo bispo do Porto, D. Manuel Linda, o qual “acolheu com muita alegria” e “com muito entusiasmo”, por dar um “contributo num âmbito mais abrangente e mais nacional”, depois de participar no Conselho Pastoral Diocesano.

Também Rita Loureiro, da Diocese da Guarda, participou no encontro e, dando ênfase ao facto de vir de uma realidade do interior, testemunha que foi “importante” conhecer outras vivências.

“As partilhas de grupo foram muito ricas, porque há ideias muito concretas que já se fazem a alguns lados e que, embora se pense, isto não daria, se calhar, para a minha diocese, aqui entende-se que adaptadas podem funcionar”, assinalou.

Foto: Agência ECCLESIA/PR

A jovem considera que se deve “usar o que os outros estão a fazer e estão a fazer bem” e levar isso para a “realidade do interior”, que “não é como a de Lisboa”, do Porto ou das cidades grandes, mas “é uma realidade que precisa muito” desta “partilha, de comunhão, de entender como é que os outros fazem e conseguir adaptar”.

Sobre a envolvência dos jovens, Rita Loureiro, da Pastoral Juvenil, considera que embora se fale muito neles, “ainda não estão muito presentes”.

“E isso é visível a nível das dioceses também, já começa a falar-se mais de jovens, mas ainda não se entregam cargos principalmente de liderança, ou naquela parte que os jovens fazem bem, e a parte digital é uma parte que lhes é inerente, que eles fazem”, salientou.

A jovem refere que das Jornadas Pastorais da CEP vai levar a vontade de desenvolver as redes sociais, a parte digital, de forma que a diocese esteja mais presente nestas plataformas e mostrando o que é feito no território.

Em declarações aos jornalistas no final do encontro, o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. José Ornelas, refere que a primeira constatação que fica desta experiência é a de que “há muita coisa a mexer” pela Igreja fora, “não só em Portugal, mas no mundo”, mas que falta fazer algo para que tal “passe à ação”.

“Aqui há propostas concretas, a nível da composição, do modo de trabalho, da clareza, da transparência, da inclusão de pessoas diferentes para o funcionamento das estruturas da Igreja, portanto, isto não pode cair em saco roto”, reiterou.

O bispo considera que é preciso “transformar as estruturas”, “preparar as pessoas”, falando num apelo à formação “muito grande”.

“E a formação não quer dizer simplesmente títulos académicos, quer dizer uma formação para um modo de perceber o nosso papel na Igreja e da Igreja no mundo”, referiu, acrescentando também a importância de dialogar com a sociedade, com os meios de comunicação.

Questionado sobre a possibilidade de algum desânimo face ao processo sinodal, D. José Ornelas diz que “quem tem seguido e se tem implicado” nem sequer “teve ainda muito tempo para desanimar”.

“Aqui na diocese de Leiria-Fátima, por exemplo, estamos a mudar toda a própria organização da igreja, e vem precisamente nestas intuições e da consciência de que precisamos mudar o chip, mudar a forma de trabalharmos a igreja, de mudarmos e de implicarmos mais pessoas na diversidade daquilo que pensam, também com o seu espírito crítico dentro da igreja”, exemplifica.

OC/LJ

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