Resposta a polémica gerada por alegada carta de protesto de 13 cardeais
Cidade do Vaticano, 13 out 2015 (Ecclesia) – O porta-voz do Vaticano denunciou hoje no Vaticano as manobras de quem procurar “condicionar” os trabalhos do Sínodo dos Bispos, em resposta à publicação de uma alegada carta de protesto de 13 cardeais.
“Quem divulgou, dias depois, este texto e esta lista de assinaturas, levou a cabo um ato de perturbação que não era pretendida pelos signatários”, disse o padre Federico Lombardi, em conferência de imprensa.
O diretor da sala de imprensa da Santa Sé observou que 24 horas depois da publicação do documento, “pelo menos quatro” dos supostos signatários desmentiram ter enviado tal carta ao Papa.
O cardeal George Pell explicou, em reação a esta publicação, que a carta era “privada e assim deveria permanecer” e que aquilo que foi publicado na internet “não correspondia nem ao texto nem às assinaturas” que foram entregues a Francisco.
Segundo o padre Lombardi, a 5 de outubro foram feitas observações sobre a metodologia do Sínodo, na segunda reunião geral da assembleia.
Essas dificuldades foram abordadas “com clareza” na manhã do dia seguinte pelo próprio Papa, numa intervenção não programada, recordou o porta-voz do Vaticano, defendendo o método seguido.
“É preciso não deixar-se condicionar por isto”, pediu o padre Federico Lombardi.
Segundo este responsável, “fazer observações” sobre a metodologia do Sínodo, que é nova, é algo que “não espanta”.
“Há o compromisso de implementar a metodologia da melhor forma possível”, com uma “vastíssima colaboração para fazer avançar bem” a assembleia sinodal, prosseguiu.
O diretor da sala de imprensa da Santa Sé convidou os jornalistas a seguir o Sínodo sem “deixar-se confundir” por esta publicação que suscitou “confusão e discussão”, porque “o clima geral da assembleia é positivo”.
Na alegada carta, vários cardeais manifestavam ao Papa a sua preocupação com a forma como o sínodo iria ser conduzido, chamando atenção para o facto de a comissão redatora do documento final não ter sido eleita mas nomeada.
A este respeito, o cardeal Wilifrid Napier pediu que fossem desmentidas publicamente declarações que lhe foram atribuídas numa entrevista, a este respeito.
“Ninguém questiona o direito do Papa Francisco a escolher”, explicou hoje o cardeal sul-africano, através de uma nota enviada ao porta-voz do Vaticano.
Já após a conferência de imprensa, o cardeal Norberto Rivera, do México, também desmentiu em comunicado ter assinado qualquer carta.
Tal como aconteceu na reunião extraordinária de 2014, a comissão para a elaboração do relatório final (Relatio finalis) foi nomeada pelo Papa, incluindo o relator-geral do Sínodo (cardeal Peter Erdo), o secretário-geral (cardeal Lorenzo Baldisseri), o secretário-especial (D Bruno Forte).
A estes juntam-se seis participantes dos vários continentes e um representante da União dos Superiores Gerais dos religiosos: cardeal Oswald Gracias (Índia); cardeal Donald William Wuerl (EUA); cardeal John Atcherley Dew (Nova Zelândia); D. Victor Manuel Fernández (Argentina); D. Mathieu Madega Lebouakehan (Gabão); D. Marcello Semeraro (Itália); padre Adolfo Nicolás Pachón, prepósito-geral dos Jesuítas.
O abade Jeremias Schröder, um dos 10 religiosos eleitos como participante neste Sínodo, elogiou na conferência de imprensa o “ambiente sereno” da assembleia e valorizou o impacto positivo dos trabalhos nos pequenos grupos linguísticos.
Thérése Nyirabukeye, leiga ruandesa, recordou por sua vez o caminho percorrido neste país africano depois do genocídio, uma “reconstrução” para a qual foi essencial o papel das famílias como fonte de “reconciliação e amor”.
Já Moira McQueen, leiga canadiana, falou num processo “muito democrático” em que todos os participantes no Sínodo são encorajados a “participar” e considerou que os contributos das famílias e dos leigos têm sido “escutados”.
OC