Sínodo: Participação dos jovens são garante de que processo «não volta atrás» na diocese de Bragança-Miranda

Equipa sinodal regista diferenças entre mundo rural e urbano na participação mas revela «serenidade e gratidão» por implicação dos leigos que pedem «escuta, comunhão, acolhimento, valorização do lugar da mulher e padres que amem as suas comunidades»

Foto: JMJ Lisboa 2023/Sebasitão Roxo

Bragança, 26 abr 2024 (Ecclesia) – A participação dos jovens da diocese de Bragança-Miranda na reflexão sinodal em curso é o garante de que este é um processo “que não volta atrás” e tem “futuro assegurado”.

“Creio que o facto de estarem muitos jovens e de se sentirem implicados, de se sentirem envolvidos, vai possibilitar com que depois a raiz fique e ela se vá estendendo e criando uma árvore harmoniosa e bela na dimensão da sinodalidade, nesta forma de ser Igreja”, indica à Agência ECCLESIA o padre José Bento Soares, da equipa sinodal na diocese de Bragança-Miranda.

O responsável dá conta que a última assembleia diocesana a sinodalidade foi tema e, participada, “na sua maioria”, por jovens: “Significa que o processo está lançado, vai ter implicações e vai, certamente ganhar formas de concretização no território todo da diocese”.

D. Nuno Almeida encontra-se em visita pastoral pelo território de Bragança-Miranda e, indica o padre José Bento, tem “aberto portas como ninguém para a sinodalidade na Igreja”.

“Este é o tempo das equipas pastorais, de todos os conselhos, em cada comunidade, desde as mais pequeninas até às maiores, afirma D. Nuno Almeida. Este é um processo no qual nós estamos envolvidos. Ele é o portador desta mesma sinodalidade para todas as comunidades da diocese, desde as maiores às mais pequeninas e como ele está a visitar e a promover, está a procurar cultivar e animar as pessoas a criarem estas equipas pastorais, este espírito de sinodalidade”, sublinha.

O padre José Bento Soares dá conta de uma realidade vasta em território que marca diferença no ser da diocese entre o mundo rural, “onde o processo sinodal foi mais frágil” e as paróquias mais urbanas, onde “o processo decorreu com bastante entusiasmo”.

“Dos relatórios que recebemos, das ações que se concretizaram, mais de 800 pessoas tiveram voz, tiveram vez e participaram de uma forma ativa e consciente em todo este processo. Foi vivido com grande gratidão pelo pedido de escuta do Papa Francisco e com muita serenidade”, regista.

Das respostas recebidas, na primeira fase do processo, o padre José Bento Soares assinala uma “grande dívida de escuta” na diocese, facto que, explica, se “se deve sobretudo a dois fatores”: “Por um lado há uma certa apatia instalada, as pessoas não sentem verdadeiramente atores que podem participar no tudo da igreja, e depois há uma outra necessidade, é que temos que ser uma Igreja que vai mais ao encontro de todas as pessoas, precisamente dando-lhe esta voz e dando-lhe esta vez para poderem participar”.

“Temos que ser uma igreja inclusiva, onde cada crente tem que ser protagonista ativo da evangelização, no exercício do seu ministério, no exercício do serviço que presta à Igreja, na forma como cada um reza, na forma como cada um sente pedra viva”, indica.

O responsável fala ainda nos ministérios quer do padre como do diácono e indica a necessidade de os sacerdotes “amarem as suas comunidades”.

“Nós temos que ter padres que amem as comunidades, que lhes estão confiadas, que respeitem essas mesmas comunidades no seu ritmo de crescimento, procurando criar ambientes saudáveis, ambientes acolhedores, mas também ambientes que promovem a relação uns com os outros precisamente desde o Evangelho de Jesus”, assinala.

A “vocação laical” foi abordada nos relatórios recebidos pela equipa da diocese de Bragança-Miranda e sublinharam a necessidade de atitudes “não passivas ou apáticas”, pedindo leigos que “não sejam “consumidores do sagrado, mas sejam capacitados para assumir serviços e ministérios”.

“A presença feminina na Igreja é muito grande, é maioritária. Então ela tem que ser reconhecida, tem que ser valorizada, tem que ser destacada, tem que ser assumida, porque só dessa forma é que nós podemos valorizar e podemos implicar todos os dons, todos os carismas que existem neste território da diocese de Bragança-Miranda”, valoriza ainda.

O padre José Bento indicou ainda a necessidade de valorização das “estruturas de comunhão” e de a diocese ter uma “uma linguagem acessível”, que seja “compreendida, que permita plataformas de encontro, de diálogo” e que promova “espaços e ambientes de reconciliação e de escuta”.

A conversa com o padre José Bento Soares vai estar no centro do programa ECCLESIA, emitido este sábado na Antena 1, pelas 6h.

LS

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