Sínodo para o Médio Oriente: diálogo inter-religioso no centro do debate

Relações com judeus e muçulmanos são fulcrais para o futuro do Cristianismo na região

As relações com judeus e muçulmanos serão um dos temas centrais do Sínodo dos Bispos que vai decorrer no Vaticano, entre 10 e 24 de Outubro.

O encontro pretende acentuar a importância deste diálogo para o bem da sociedade e para que a religião, sobretudo dos crentes que professam um único Deus, se torne cada vez mais “motivo de paz”.

A assembleia, que reúne 185 participantes em volta do Papa, no Vaticano, vai ser dedicada ao tema ” A Igreja Católica no Médio Oriente: comunhão e testemunho. «A multidão dos que haviam abraçado a fé tinha um só coração e uma só alma»”, partindo de uma passagem do livro bíblico dos Actos dos Apóstolos.

No documento inicial de trabalho, entregue por Bento XVI em Junho deste ano, pode ler-se que “a chave para uma convivência harmoniosa entre cristãos e muçulmanos é reconhecer a liberdade religiosa e os direitos humanos”.

As relações entre cristãos e muçulmanos, indica o Vaticano, são por vezes difíceis, sobretudo pelo facto de os muçulmanos não fazerem distinção entre religião e politica, o que coloca os cristãos na situação de não-cidadãos, mesmo em territórios onde se encontravam muito antes da chegada do Islão.

O diálogo com os judeus, por outro lado, é qualificado como “essencial”, embora não seja fácil, ressentindo-se do conflito israelo-palestiniano. O Vaticano deseja que os dois povos vivam em paz numa pátria que seja deles, no interior de fronteiras seguras e internacionalmente reconhecidas.

O texto reafirma a condenação do anti-semitismo, sublinhando que as atitudes negativas entre árabes e judeus parecem ser sobretudo de carácter político, e portanto estranhas a qualquer discurso eclesial.

O secretário-geral do Sínodo dos Bispos, arcebispo Nikola Eterovic, sublinha que a situação actual na região é em muitos aspectos pouco diferente daquela vivida pela primitiva comunidade cristã na Terra Santa, “ no meio de dificuldades e perseguições”.

Os cristãos são chamados a não se isolarem em atitudes defensivas, sendo também exortados a promover a “pedagogia da paz”, para fazer face a questões como a “pobreza, a educação e a luta contra a violência e o terrorismo”.

O Sínodo pode ser definido, em geral, como uma assembleia dos bispos que representam o episcopado católico e que têm o dever de ajudar o Papa no governo da Igreja universal, dando o próprio conselho.

Desde 1967, o Sínodo dos Bispos teve 12 assembleias gerais ordinárias e duas extraordinárias (1969 e 1985), a que se somam outras nove assembleias especiais: duas para a Europa e outras duas para a África; uma para a Ásia, América e Oceânia; uma para os Países Baixos e outra para o Líbano.

 

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top