Sínodo: «O processo vai ser longo mas não tenho dúvidas sobre a sintonia e a sua implementação» – Teresa Neves Vieira

Diretora do Serviço de Animação Missionária da Diocese de Aveiro destacou propostas de escuta, acompanhamento, lideranças partilhadas e o «cuidar dos sacerdotes»

Foto: Ricardo Perna

Aveiro, 17 jan 2025 (Ecclesia) – Teresa Neves Vieira, diretora do Serviço de Animação Missionária da Diocese de Aveiro, reconhece que o caminho da sinodalidade em Portugal “vai ser longo”, mas não tem dúvidas sobre a sintonia e a sua implementação.

“No meu grupo só havia um sacerdote, não tinha um bispo, como em alguns grupos, não tinha uma religiosa, como em alguns grupos, e foi muito interessante porque as vivências diocesanas e pastorais das comunidades enriquecem-nos, dão esperança, mostrando o que já se realiza”, apresenta a participante que integrou uma delegação de 22 participantes da diocese de Aveiro no Encontro Nacional Sinodal, decorrido em Fátima.

A participante, que integra o conselho diocesano pastoral, recorda “o silêncio” escutado durante a partilha de grupos: “Senti um silêncio positivo, sem conversas paralelas, sintoma do interesse e sintonia ali vividas”.

Acolhimento, acompanhamento, escuta, são atitudes valorizadas pelos participantes para que as comunidades sejam espaços de hospitalidade, e identificadas nos grupos como caminhos de concretização da sinodalidade nas comunidades.

Teresa Neves Vieira indica que o seu grupo sugeriu a criação de esquipas de acolhimento, respondendo a quem chega ao país ou quem procura um serviço na comunidade: “Há uma grande mobilidade de pessoas e seria importante criar nas paróquias e também nas dioceses estruturas e equipas de acolhimento que não se foque apenas num setor ou noutro setor, mas que possa abranger toda a comunidade e que toda a comunidade seja o acolhimento”.

O grupo, composto por diferentes realidades, focou também a necessidade de “lideranças partilhadas”, que ultrapassem a “tendência de achar que o padre é que sabe”, deixando que os leigos assumam protagonismo em estruturas de trabalho e participem nas decisões.

A responsável recorda também a necessidade de participação em “conselhos pastorais e económicos”, quer a nível diocesano como paroquial, onde se combate a “diminuta presença de jovens”.

“Sentimos necessidade de cuidar dos sacerdotes, tantas vezes sobrecarregados em tarefas que podiam ser realizadas por leigos formados, mas cuidar também dos leigos – se falamos da necessidade de estar nas periferias, não podemos esquecer os leigos que necessitam de acompanhamento”, indica.

Teresa Neves Vieira sublinha a necessidade de formação, que vá além da ministrada no percurso de catequese, que envolva “todas as áreas” da prática cristã e que ajude as pessoas a “relacionarem-se com Jesus”.

Questionada sobre a aplicação de propostas na realidade diocesana, Teresa indica que a formação bíblica é algo que já estar a acontecer, com propostas de “aprofundamento de estudo”, dirigida a catequistas, mas também formação para diferentes ministérios, “maior cuidado na preparação da liturgia e na diversidade dos participantes nas tarefas”.

Teresa reconhece que na sua realidade diocesana a função dos conselhos pastorais e económicos está assumida mas indica ser necessária maior participação juvenil.

“É também necessário criar dinâmicas de avaliação. Fazemos muitas coisas, mas no fim não avaliamos, ou centramos os resultados no número de participantes e valorizamos menos os processos. Prestação de contas, a transparência, a avaliação nos processos, são atitudes que ajudam as comunidades a fortalecer”, explica.

A conversa com Teresa Neves Vieira, participante no encontro nacional sinodal, vai estar no centro do programa ECCLESIA, emitido este sábado, na Antena 1, pelas 6h.

LS

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