Sínodo: «Muitas vezes, existe uma invisibilidade da mulher na Igreja», diz responsável brasileira

Sônia Gomes de Oliveira, presidente do Conselho Nacional do Laicato Brasileiro, foi uma das 54 mulheres com direito a voto na assembleia

Foto: Ricardo Perna

Roma, 29 out 2023 (Ecclesia) – Sônia Gomes de Oliveira, presidente do Conselho Nacional do Laicato Brasileiro (CNLB), afirmou que a primeira sessão da assembleia sinodal promoveu o debate sobre o papel das mulheres, deixando “um sinal de esperança” para o futuro.

“Não se trata de uma reivindicação, mas de um reconhecimento, porque muitas vezes existe uma invisibilidade da mulher na Igreja. Muitas vezes somos a maioria, mas somos invisíveis ainda”, refere a convidada da entrevista semanal Ecclesia/Renascença, publicada e emitida aos domingos.

A responsável, uma das 54 mulheres que teve direito a votos nesta sessão do Sínodo, sublinham que as mulheres “sofrem muito” quando ficam de fora nos processos de decisão.

“Este é o momento para nós mulheres também. Não podemos ficar paradas, a partir de agora, e devemos continuar nesse mesmo processo, entendendo que se vence cada dia e com participação”, aponta.

Sônia Gomes de Oliveira sublinha o trabalho de escuta, iniciado em 2021, por iniciativa do Papa Francisco, que promoveu maior atenção, no Brasil, a “comunidades de periferia, mulheres, povos indígenas, população em situação de rua”.

“Ouvir a voz do Espírito, o que Ele quer dizer à Igreja, nesse momento. Ouvir a voz dos pobres, ouvir a voz do povo. Esse foi o ponto central”, sustenta.

“Os ministros ordenados, muitas vezes, precisam também de abrir-se a essa escuta – a gente usava muito o termo da burocracia, que institucionaliza as nossas igrejas e impede que se ouça esse grito”, acrescenta.

Para a responsável, a sinodalidade, nas comunidades, “é o primeiro passo para se vencer o clericalismo”.

A presidente do CNLB sublinha a disposição da sala de trabalhos, no Auditório Paulo VI, com várias mesas-redondas, onde todos os participantes podiam “debater de igual por igual”, num processo que “veio para ficar”.

“Foi muito debatida a possibilidade de ampliar o processo de participação, principalmente dos cristãos leigos e leigas, não só na participação, mas também na tomada de decisão”, refere.

A sinodalidade é esse processo de comunhão entre todos, todas, onde todos têm voz, todos têm vez, têm participação, e o clericalismo não, é uma pessoa só tomando decisão”.

Sônia Gomes de Oliveira considera que o clericalismo se rompe com a “formação”, fazendo que cada pessoa tenha “consciência do seu batismo”.

A Igreja sinodal, sublinha, “quer acolher a todos e todas”, como Jesus, que “não fez distinção de raça, de cor, de pessoas, de credo e nem de orientação”.

Foto: Ricardo Perna

A primeira sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, com o tema ‘Para uma Igreja sinodal: comunhão, participação, missão’, começou a 4 de outubro e aprovou este sábado o seu relatório final; Francisco decidiu que a mesma terá uma segunda etapa, em 2024.

“Acho que muitas pessoas vão se dececionar porque essa etapa do Sínodo, penso, foi mais uma etapa de formação mesmo, de conhecimento, de base, para entendermos o que será a próxima etapa em outubro do ano que vem”, afirma a presidente do CNLB.

A responsável deixa uma mensagem de esperança, convidando a participar neste “novidade” na vida da Igreja.

“Temos 11 meses, 11 meses para poder gerar e fazer nascer uma novidade no nosso caminho”, conclui.

Henrique Cunha (Renascença) e Octávio Carmo (Ecclesia)

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